Mesmo com queda drástica nos investimentos, custeio do Estado dispara 27,73% de 2010 para 2012
Enquanto os investimentos caem drasticamente e a administração estadual reclama de queda de repasses e de aumento da folha com benefícios concedidos por gestões passadas, os gastos do governo do Tocantins com custeio da máquina pública aumentaram 27,73% de 2010, último ano do governo Carlos Gaguim (PMDB), para 2012, segundo ano da gestão Siqueira Campos (PSDB). Os números são do Portal da Transparência. O custeio considera todos os gastos necessários para a máquina pública funcionar, como telefone, energia, combustível, material de consumo, passagens áreas, viagens ao exterior, entre outros. [Clique aqui para ver a íntegra dos números]
Apesar de o governo Siqueira Campos jogar a culpa da crise que o Estado enfrenta nas conquistas concedidas por seus antecessores aos servidores, os números dos gastos com custeio confirmam que a falta de uma boa gestão contribuiu para o quadro em que o Tocantins se encontra. Mesmo sem nenhuma obra expressiva – o governador chegou a dizer, em agosto do ano passado, que virou “gerente de folha de pessoal” -, o custeio pulou de R$ 1.396.880.537,05, em 2010, para R$ 1.784.305.381,64 em 2012.
Um dos aumentos mais significativos dos gastos gerais do Estado ocorreu no segundo semestre do ano passado, quando a variação, em relação ao mesmo período de 2010, foi de 31,21%, saltando de R$ 730.846.627,06 para R$ 958.962.795,31.
No primeiro semestre de 2011, logo após a posse de Siqueira, o custeio foi reduzido 4,54% em relação aos seis primeiros meses de 2010, no governo Gaguim, recuando de R$ 666.033.909,99 para R$ 635.800.868,57. Contudo, os gastos no segundo semestre de 2011 em relação ao primeiro “explodiram” nada menos do que 38,7%, saindo dos R$ 635.800.868,57 para fechar 2011 em R$ 881.918.696,49.
No primeiro semestre de 2012, o custeio voltou a ser reduzido ligeiramente (6,4%). Contudo, no segundo semestre, voltou a crescer em relação aos primeiros seis meses do ano (16,2%) e também em relação ao segundo semestre de 2011 (8,73%).
Esses gastos voltaram a recuar, até significativamente, no primeiro semestre de 2013 (13,01%), quando a crise já tinha se agravado. Contudo, o resultado dos primeiros seis meses deste ano é ainda ligeiramente superior ao do mesmo período de 2012 (1,1%).
Queda drástica dos investimentos
A elevação do custeio só se justificaria se houvesse uma grande movimentação de obras pelo Estado, já que esse fato demandaria maior estrutura para o funcionamento do governo. Porém, não é isso que mostram os números do Portal da Transparência.
De 2010 para 2012, se a despesa com a folha aumentou 35,3% e os custos em geral, 27,73%, os investimentos registraram declínio de 50,8%. Eram R$ 799.337.421,77 no último ano do governo Gaguim e no passado foram reduzidos para apenas R$ 393.505.702,62.
No primeiro semestre de 2013, em relação a igual período de 2010, a queda foi ainda mais brusca, de 63,04%. Na comparação desses dois períodos, o custeio saltou 25,24%.
Desnecessário e luxo
Mesmo alardeando crise desde antes da posse, o governo Siqueira Campos criou pastas que seriam desnecessárias – como a Secretaria das Oportunidades, experiência que durou pouco -, e algumas vistas como “luxo”, como é o caso da secretaria Especial de Promoção e Atração de Investimentos do Estado do Tocantins, fixada em Madri, na Espanha, onde o governo sustenta o titular, Divaldo Rezende.
“Absurdamente”
Essa criação de pasta indistintamente contribuiu decisivamente para a elevação do custeio do Estado. O deputado José Augusto Pugliese (PMDB), presidente da Comissão de Finanças, Tributação, Fiscalização e Controle, da Assembleia, já tinha dito ao blog que o custeio do governo tinha aumentado “absurdamente”. “Tem secretaria em que o custeio é maior do que o gasto com pessoal e não há um centavo de investimento”, lamentou.
(Cleber Toledo)