Empresa ligada a Cachoeira fez doação de R$ 1,1 milhão a Marcelo Miranda, mas valor não foi declarado em gastos de campanha
Segundo a Folha Online, um relatório da Receita Federal em poder da CPI do Cachoeira aponta uma doação não contabilizada de R$ 1 milhão para a campanha do ex-governador do Tocantins Marcelo Miranda (PMDB), eleito para o Senado em 2010.
Uma empresa que, segundo a Polícia Federal, tinha o empresário Carlinhos Cachoeira como um sócio oculto, registrou em sua declaração anual de renda ter doado R$ 1,162 milhão para Miranda.
No entanto, o candidato declarou ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) ter recebido apenas R$ 162 mil dessa mesma empresa.
Sua campanha custou R$ 1,52 milhão, segundo os registros do TSE. Os valores de gastos e arrecadações são exatamente os mesmos.
Segundo a Folha, a doadora foi a Construtora Rio Tocantins, do empresário Rossine Aires Guimarães, também conhecida como Construtora Vale do Lontra Ltda. A quebra do sigilo fiscal da empresa foi determinada pela CPI.
Rossine Guimarães, segundo as investigações da Operação Monte Carlo, é sócio de Cachoeira em diversos negócios, mas não chegou a ser indiciado pela Polícia Federal. Sua convocação para prestar depoimento como testemunha foi aprovada pela CPI.
A empresa de Rossine obteve contratos de R$ 235 milhões com o governo do Tocantins, entre 2008 e 2011. Inclusive, portanto, na gestão de Marcelo Miranda – cassado em setembro de 2009.
Miranda, apesar de eleito para o Senado em 2010, não chegou a tomar posse. Enquadrado na Lei da Ficha Limpa, teve sua candidatura indeferida pelo TSE.
Em maio de 2011, o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu liberar as candidaturas barradas com base na lei. Contudo, por ter sido cassado, o STF entendeu que ele não poderia ter se candidatado em 2010.
Quando sua candidatura foi momentaneamente aceita pelo STF, Miranda recebeu um telefonema do próprio Carlinhos Cachoeira, parabenizando-o pela eleição. Em resposta, disse que Cachoeira poderia contar com ele.
OUTRO LADO
À imprensa, Marcelo Miranda afirmou que as doações para sua campanha ao Senado, em 2010, possuem o montante de R$ 1,512 milhão. O ex-governador garantiu ter encaminhado os documentos sobre as doações para sua campanha ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mostrando a única doação recebida pela empresa CRT no valor de R$ 162 mil. Ele ainda lembrou que suas contas de campanha foram aprovadas pelo TRE.
“Como vou responder por algo que não recebi? Desconheço totalmente esse valor extRa. Tenho todos documentos que comprovem”, garantiu Marcelo em entrevista ao Portal CT.
(CleberToledo)