Valderez fala sobre Siqueira Campos e denúncias do Ministério Público
Em entrevista ao Portal AF, a ex-prefeita Valderez Castelo Branco falou sobre seu distanciamento de Araguaína após as eleições de 2010, sua relação com o atual governador Siqueira Campos, o apoio de Marcelo Miranda em sua campanha eleitoral, as ações do Ministério Público envolvendo doação irregular de lotes públicos e contratação da empresa de monitoramento eletrônico, Data Traffic, celebrado em 2008 por R$ 7,6 milhões. Valderez ainda prestou esclarecimentos sobre a área entre a Avenida Filadélfia e sua nova ocupação por particulares.
Distanciamento de Araguaína após eleições de 2010
Eu deixei a população me avaliar, as pessoas me conhecem e não só a partir de 2010, mas desde 01 de janeiro de 2009 que dei um tempo. Às vezes eu ia a alguns eventos e percebia que alguém poderia ficar intimidado com minha presença. Então preferi ficar um pouco recolhida para que não houvesse essa disputa. E, a após 2010, estive naquela campanha escolhida como candidata e posteriormente tive a infelicidade de saber que minha mãe estava com câncer e fiquei por conta de acompanha-la no tratamento. A partir daí eu não fiz outra coisa em minha vida, a não ser ficar junto de minha mãe e buscando recursos para que ela ficasse curada. Eu pedia a Deus todos os dias pela saúde dela.
Dois dias antes de vir a óbito ela apresentou melhora total e pensamos que sairia da UTI para o quarto. Deus mostrou que precisava dela. Esse foi o motivo pelo qual fiquei um pouco distante, mas não me afastei do povo de Araguaína.
Siqueira Campos
Não tenho absolutamente nenhum ressentimento. Sabemos que a política não é individual, então temos que fazer uma avaliação. Naquela época fui convidada para ser candidata à vice-governadora ou senadora, em ambos os casos eu não pedi para ser indicada, mas depois avaliaram que com a chegada de partidos que fizeram a imposição daqueles cargos, nós ficamos preteridos. Deveríamos estar juntos, erámos companheiros de partido a vida inteira e bastava dizer ‘eu preciso disso aqui’, de outra forma, que eu seria soldada para pregar cartaz, fazer qualquer coisa como sempre fiz. Mas a forma como fomos expurgados, não foi correta. Assim fui convidada por outro partido, então aceitamos o desafio porque sabemos que temos capacidade, não para desafiar alguém, mas para encarrar o trabalho.
Relação com o governador Siqueira Campos caso seja eleita prefeita de Araguaína. Conseguiria trazer benefícios estaduais para a cidade?
Claro que vou, porque o dinheiro público não é meu, assim como não é do governador. O dinheiro é da população. A verba que vem para ser distribuída é de cada cidadão, então jamais poderá ser retido por causa de partidarismo. O dinheiro é nosso e tem que vir para os cofres do município e ser revestido em obras para a população.
Eu tenho um carinho especial pelo cidadão Siqueira Campos, Eduardo, por toda família, e essa afinidade nunca vai mudar. A política é para o bem comum e eu estaria sendo muito orgulhosa se pensasse na individualidade.
Fiquei do lado do governador Siqueira Campos quando ele rompeu com Marcelo Miranda, fiquei lutando e levando seu nome porque queria que ele voltasse ao governo, isso é notório.
Hoje tenho uma amizade de família com Marcelo Miranda, que está nos apoiando nessa campanha, e nunca tivemos desentendimentos, nunca deixou de me atender e mandar as coisas que eram necessárias, nunca tirou ou reteve recursos quando era governador.
Portanto, eu creio na sabedoria, creio que Siqueira foi escolhido pelo povo e creio que esse governo é para todos. Ele pode apoiar outro candidato, mas os benefícios que são nossos virão para o município de Araguaína.
Marcelo Miranda
O Marcelo é um dos defensores da nossa campanha. Quando conversamos, ele afirmou que se tomássemos a decisão de sermos candidatos teríamos seu apoio. Creio que não só ele, mas também pessoas que pertencem a outros partidos subirão no nosso palanque.
Ações do MPE
Existem aquelas pessoas cujo prazer é acionar o Ministério Público fazendo acusações indevidas. No caso Data Traffic, fizemos uma licitação pública, celebramos o contrato porque é um direito da empresa vencedora. Caso eu não fizesse, eles me acionariam na justiça. Mas não assinei ordem de serviço, não efetivei o contrato, e veio posteriormente o atual prefeito e fez um novo contrato. Não tive acesso, mas fiquei sabendo que foi totalmente diferente daquele que fiz e ainda colocou aditivos sem que o contrato estivesse em execução.
O que nós fizemos foi dentro da legalidade, da temporalidade, do que é preconizado por lei. Quando se faz uma licitação pública ganha aquele que tem o menor preço e os documentos são públicos. Não havia nenhum motivo para cancelar o contrato. Também não fiz execução e não assinei nenhuma ordem de serviço.
No primeiro projeto, os condutores não recebiam multas, elas eram transformadas em informativos para que a população conhecesse onde estavam os ‘pardais’ e para que as mães não perdessem seus filhos no trânsito. Ninguém respeitava o trânsito e às vezes é preciso impor uma multa. Tudo foi feito dentro da legalidade, visto pelo Procurador do Município. Agora quem executou, quem transformou e modificou o contrato não fomos nós.
Doações de áreas públicas…
Todos foram doados dentro de uma lei aprovada na Câmara Municipal. O meu antecessor disse que a prefeitura não tinha lotes e no meu primeiro governo, entre doações e regulamentações, foram 10 mil. Muitas áreas invadidas estavam ocupadas por pessoas que já tinham casas; eu transformei e fiz com que o plano diretor fosse respeitado. A prefeitura fez doações promovendo as pessoas que queriam construir, incentivando a urbanização. E, muitas áreas eram matagais onde crianças foram estupradas e todos sabem disso. Geravam prejuízos para a prefeitura, sem iluminação, sem asfalto e nós regularizamos, fizemos praças. Área no Novo Horizonte que há 50 anos não era regularizada, no Barra da Grota, no Bairro São João, Araguaína Sul, Céu Azul. Doar é pra quem precisa.
Tivemos uma equipe na qual eu confiava e havia um assistente social que acompanhou tudo assinava, o procurador também, e fizemos o cadastro das pessoas.
E porque tantos lotes no último ano?
Muitas pessoas lotavam os corredores da prefeitura achando que o próximo prefeito não iria doar. E, foi um compromisso nosso de campanha a regularização da cidade.
Área entre a Avenida Filadélfia: A nova ocupação é fruto de um descaso da atual administração?
Não é. Desde criança vi ali nascendo casas chegando a mais de 300 casas. Todos os meus antecessores tentaram retirá-los e não conseguiram. No meu governo conseguimos um recurso do HBB (Habitar Brasil BID) para tirar famílias que moravam em condições sub-humanas, não importava se o dono da área era o município ou particular.
Fizemos um projeto que está arquivado no Ministério da Cidades e conseguimos dá condições para famílias. Aquela área é particular. Pertencia ao saudoso Zico Margal, dono da Antártica, havia apenas um espaço público que eu doei para que fizesse um complexo esportivo para atender a população da região, mas parece que a atual gestão não fez. (Fonte: Arnaldo Filho)