2016 – O ANO SEM LOCADORAS
Há duas semanas, a maior rede de locadora de filmes alternativos, a 2001 Vídeo, anunciou o encerramento de suas atividades. Já havíamos presenciado o fechamento da maioria das locadoras de bairro e de outras maiores como a Home Video, por exemplo. Acontece que o fim da 2001 fez nossa ficha cair: encontrar um Kurosawa, um Antonioni, um Kieslowski ou um Godard sem partir para a pirataria ou a compra (que muitas vezes não é barata) se tornou algo quase impossível.
Em entrevista à Folha de São Paulo, a proprietária da 2001 Vídeo, Sonia Abreu, explicitou alguns fatores para o fim de 33 anos de dedicação ao cinéfilos de São Paulo. Os pontos mais óbvios são a propagação da pirataria (física e virtual) e os streamings como o Now e o Netflix. Não há dúvidas que esses serviços são excelentes, mas o público “blockbuster” é o mais beneficiado dentro deles. Nada contra “blockbusters”, muitas vezes o que queremos é só ver bombas e efeitos especiais. Mas os clássicos e os filmes “lado B” não podem ter seus acessos tão dificultados.
Voltando à entrevista, Sônia propõe uma hipótese interessante sobre a falência das locadoras. Para ela, as redes sociais consumiram o tempo dos indivíduos de tal forma que “ninguém mais parece ter tanta disponibilidade para consumir filmes como tinha antes.”
A arte, inclusive a sétima, é um mercado que conta com aluguel de um local, funcionários, consumidores etc. para sobreviver. Autores do começo do século XX como Theodor Adorno e Max Horkheimer (Escola de Frankfurt) já levantavam a bola para o futuro da cultura como uma forma de indústria. Não adianta termos um surto romântico e criticarmos o mercado, a culpa desse fechamento é nosso, que fizemos downloads em sites piratas e escolhemos ficar nos nossos smartphones ao invés de assistir um Gaspar Noé.
As redes sociais continuam cada vez mais fortes, mas a maioria dos grandes sites para baixar filmes, não, foram fechados. E agora, José? Precisamos repensar o que mais perderemos para esse admirável mundo novo.
Por enquanto, sobra a nostalgia das locadoras dos anos 80 e 90, que tinham seus VHS e cartuchos de games nas caixas pretas não originais e, além, é claro, das cortinas da área imprópria para menores que deixava todo adolescente curioso para dar uma espiada.
PS.: Existe um bom blog ainda vivo com filmes no estilo “2001” como dica (http://cinemacultdownloads.blogspot.com.br/) e alguns grupos no Facebook para troca de links. Se vocês conhecerem alguma alternativa legal (nos dois sentidos) e puderem compartilhar, deixem nos comentários.
(OCIOSO)
