Delatora do esquema de vendas de casas em Araguaína revela que sofreu ameaças de morte e pensou em suicídio
A assistente social Silvania Bessa concedeu entrevista coletiva na tarde desta sexta-feira (29) sob escolta policial. Ela é a delatora do suposto esquema de venda ilegal de 36 casas populares por R$ 5 mil cada em Araguaína. A Polícia Federal e o Ministério Público Federal (MPF) já investigam o caso.
Emocionada, Bessa relatou que entrou em desespero após o caso vir à tona, afirmando que perdeu o chão e delatou o caso à PF como um pedido de socorro. Disse que está pagando um alto preço, que recebeu ameaças de morte e já pensou em cometer suicídio.
‒Eu estou pagando um alto preço por isso daqui. A situação é desesperadora, vocês não tem noção. (…) Mas não estou aqui para colocar uma coroa na minha cabeça. Estou aqui [na coletiva] porque estou com medo. Estou com muito medo.
‒Eu falei para o advogado: dôtor, se eu tiver que ser presa por saber disso aqui, pode me prenderem. Sabe por quê? Porque já virei prisioneira na minha casa. Já virei prisioneira da minha vida por saber disso aqui. (…) Eu já pensei não só de ir embora de Araguaína, já pensei foi em me matar. Porque você sabe não como é acordar quando não tem mais o chão para pisar.
Segundo ela, há quatro dias recebeu uma “visita” em sua residência por volta de 1 hora da madrugada. Ela contou ter avistado um homem no quintal de sua casa, mas que ele teria percebido movimento na casa resolveu ir embora.
Bessa disse que arrecadava envelopes com dinheiro da venda das casas e os levava a sua superior, mas negou receber qualquer pagamento por esse trabalho. “Não estou aqui para me isentar de erro algum. Porém, eu precisava estar ali [no trabalho]. (…) Se eu denunciasse, falasse o que estava acontecendo, como sou pequena, eu seria exonerada de qualquer jeito.”
A delatora assegurou que nenhum dos 36 compradores recebeu as casas e por isso o esquema foi descoberto. “Por isso que desencadeou em tudo isso. Porque eles se viram no meio do desespero. Perderam dinheiro, perderam a casa.”
Sivania contou que o esquema começou em novembro passado, dentro da própria Secretaria de Habitação e envolveu apenas quatro servidores. Entretanto, garantiu que o titular da pasta na época, Geraldo Silva, não tinha ciência da ilegalidade. “Não quero fazer demagogia, mas ele é uma das pessoas mais dignas que conheço.” Ela negou também que Dimas “mandou” vender casas.
(AraguainaNotícias)