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‘Black mirror’, a série que vai na mosca em temas contemporâneos

blackÉ dura a vida de quem foge de um spoiler que o mundo inteiro está comentando. Falo de “The walking dead” (quem morreu no episódio de domingo?). Não assisti ainda à sua volta ao ar porque estava ligada em “Black mirror”. É que a terceira temporada, de seis episódios, chegou à Netflix na última sexta-feira.

Como se sabe, essa é uma série “de antologia”, o que significa que é possível acompanhar os capítulos fora de ordem sem risco para a compreensão. Ainda assim, dificilmente o freguês não embarcará no binge watching depois de conferir o primeiro programa. Tudo ali é um convite ao vício. De novo, a força das redes sociais e de um mundo pan-óptico é o ponto comum entre as histórias. Os elencos variam e as tramas são independentes.

Nem todas elas se desenrolam num mundo distópico como a primeira, “Nosedive”. Acompanhamos o drama de Lacie Pound (Bryce Dallas Howard). Ela vive no futuro indefinido, numa sociedade em que a popularidade nas redes sociais determina o valor de cada um. Todo mundo anda com o celular na mão, atribuindo ao resto da humanidade uma cotação que pode chegar a cinco estrelas. Dependendo do grau de aprovação alcançado, a pessoa é vista como apta a comprar uma casa cara, conseguir um assento num avião em que eles estão quase esgotados ou ser admitido numa festa de elite. Lacie é movida pela necessidade de aceitação, o que é agravado por um mundo instrumentalizado para julgar e classificar as pessoas. Poderia ser um enredo bobo, mas não é. Como em geral em “Black mirror”, aliás. O segundo (“Playtest”) e o terceiro (“Shut up and dance”) episódios também são ótimos e bem perturbadores. Vale conferir.

(Patricia Kogut)