Coimbra recebeu “apoio” de R$ 300 mil e Rogério Freitas e Emerson sacaram R$ 900 mil, diz delator
O ex-deputado federal e hoje secretário de Governo da Prefeitura de Palmas, Júnior Coimbra (sem partido), teria conseguido R$ 1,2 milhão em 2014, ano das eleições estaduais, a pedido do então presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Quem diz é o ex-diretor superintendente da Odebrecht Ambiental/Saneatins no Tocantins, Mário Amaro da Silveira, um dos 77 delatores da maior empreiteira do Brasil, em depoimento aos procuradores da Operação Lava Jato.
Segundo Mário Amaro, a ordem para a contribuição partiu do então presidente da Odebrecht Ambiental, Fernando Reis. Na época, o PMDB do Tocantins estava sob a presidência de Coimbra, que contava com o apoio de Eduardo Cunha, mas o parlamentar disputava o comando da legenda com o grupo do governador Marcelo Miranda. Os dois, Coimbra e Marcelo, brigavam para ver quem teria a sigla para disputar o governo do Estado.
Reis pediu para que Mário Amaro procurasse Coimbra. “Marquei um encontro com o Júnior Coimbra na sede da Saneatins em Palmas e lhe disse que me tinha sido passado a incumbência de repassar a ele um apoio de R$ 300 mil”, contou o executivo da Odebrecht.
Segundo ele, uma nova reunião com Coimbra ocorreu na sede da Saneatins. “Passei para ele a data, o local e a senha e esses R$ 300 mil foram saldados em uma parcela só”, disse aos procuradores.
Então, relatou Mário Amaro, Fernando Reis comunicou que iria fazer “uma complementação” dessa contribuição ao diretório regional do PMDB do Tocantins, “de novo através do deputado Júnior Coimbra, desta vez de R$ 900 mil”.
“Marquei de novo uma conversa com o Júnior Coimbra, desta vez na casa dele, em Palmas”, lembra o executivo. Segundo ele, nessa reunião estavam presentes os vereadores de Palmas Emerson Coimbra, sobrinho do deputado, e Rogério Freitas, que tinha sido recém-eleito presidente da Câmara da Capital. Os dois também são do PMDB. Freitas foi reeleito vereador ano passado e Emerson era o candidato a vice-prefeito da vice-governadora Cláudia Lelis (PV).
Conforme Mário Amaro, Emerson Coimbra e Rogério Freitas estiveram com ele na sede da Saneatins. “Eu passava data, local e senha e eles fizeram a retirada desses valores”, contou aos procuradores da Lava Jato.
PMDB errado
O executivo, contudo, parece não ter concordado com a decisão de seus superiores de apoiar Júnior Coimbra. “Se eu pudesse definir uma agenda, acho que teria pessoas que poderiam contribuir mais, até porque o Júnior Coimbra era presidente do PMDB, mas numa posição muito contestada, de uma corrente contrária à do Marcelo Miranda, que acabou sendo eleito. O PMDB são vários, né?”, disse Mário Amaro.
Para ele, Coimbra era do “PMDB errado”. “Digamos assim, não era do PMDB do Marcelo Miranda, que veio a ser o governador”, afirmou.
O CT procurou os três citados. Coimbra preferiu não se manifestar neste momento. Emerson não foi localizado e Freitas não respondeu as mensagens do site.
Assista a seguir o trecho do depoimento em que Mário Amaro cita Coimbra e os dois vereadores: