Suspeito de matar menino holandês em 1998 é preso na Espanha
Polícia holandesa realizou mais de 20 mil exames de DNA para localizar o autor do crime
AMSTERDÃ — Após realizar exames de DNA em mais de 20 mil homens para elucidar o homicídio de um menino de 11 anos em 1998 — a maior busca de DNA já feita no país —, a polícia holandesa localizou um suspeito na Espanha, segundo um comunicado divulgado na noite deste domingo. Identificado como Joseph Brech, de 55 anos, o holandês seria nativo de Simpelveld, uma pequena cidade no Sul da Holanda. Brech foi visto pela última vez na França, segundo a polícia de Limburg.
Nicky Verstappen, de 11 anos, desapareceu na madrugada de 10 de agosto de 1998 em um acampamento de verão na reserva natural de Brunssummerheide, no Sul da Holanda, onde o suspeito trabalhava como monitor. O corpo do menino, que foi agredido sexualmente antes de ser morto, foi encontrado um dia depois perto do local.
Quase 21,5 mil homens de 18 a 75 anos procedentes de Heibloem, onde o menino morava, ou de localidades próximas da reserva natural, foram convidados em fevereiro para fornecer DNA de forma voluntária, na última tentativa da polícia de localizar o autor do crime.
Os investigadores informaram que os participantes não eram considerados suspeitos e que o objetivo era descobrir se algum voluntário é parente da pessoa que deixou vestígios sobre a roupa de Nicky Verstappen e no local em que foi encontrado o corpo.
A polícia anunciou na última quarta-feira que conseguira estabelecer uma relação direta entre o DNA de Brech, recolhido em uma casa de campo que ele tinha na França, e o que foi encontrado entre os pertences do menino morto.
Brech foi detido neste domingo “quando saiu para cortar lenha” em uma zona montanhosa em Castellterçol, um município a 50 quilômetros de Barcelona, indicou nesta segunda-feira a polícia espanhola em um comunicado.
Segundo as autoridades, o holandês aceitou nesta segunda-feira ser extraditado da Espanha para a Holanda e aguardará sua entrega às autoridades holandesas em prisão provisória e sem fiança, ante o risco de fuga. Ele poderá ser condenado à prisão perpétua, segundo a Audiência Nacional da Espanha, com sede em Madri.
Após sua prisão, Brech foi levado pela polícia ao tribunal de Granollers, ao Nordeste de Barcelona, onde foi interrogado por videoconferência pelos magistrados da Audiência Nacional.
Desaparecido desde abril, o suspeito foi reconhecido por uma testemunha que viu a foto divulgada pela imprensa, afirmaram os investigadores, que receberam apoio da polícia espanhola.
Brech foi descrito como um especialista em sobrevivência que dispunha de instrumentos de pesca, um livro sobre plantas silvestres comestíveis e envelopes de comida desidratada.
“Vivia em uma barraca dentro da floresta, perto de uma casa abandonada onde viviam várias pessoas sem domicílio fixo”, explicou ao jornal “De Telegraaf” um holandês que morava na região e que levou a polícia até o suspeito, após tê-lo reconhecido em fotos.
Segundo o procurador-geral da província de Limburg, Jan Eland, Brech poderia ser entregue à justiça holandesa ainda esta semana caso se mostrasse cooperativo. Caso contrário, o processo poderia levar entre 60 e 90 dias.