DestaqueEstadoPalmas

Tocantins não tem delegacia especializada para investigar casos de desaparecimentos

A esperança é a companheira da Jesa Evethe Marques, moradora de Palmas, que há sete meses não tem contato com o filho. Ele saiu de casa em 2018 e não voltou mais. Só no ano passado, 243 pessoas desapareceram em todo o estado. As pessoas que procuram por parentes ou amigos que sumiram cobram respostas. No Tocantins não há uma delegacia especializada que investiga os casos.

Do total de pessoas que sumiram, 127 são mulheres e 80 são homens. A Jesa lembra a última vez em que falou com o filho. “Foi num sábado, dia 2 de setembro, pedi para que ele saísse para tomar café. Ele não estava com fome. Durante a manhã, ele saiu pelo portão, fechou o portão e não retornou mais para a casa”.

Gustavo Evethe Xavier Marques sumiu com 18 anos. A mãe vive angustiada e não sabe o que pode ter acontecido. “Meu filho estava comigo, nos meus braços, e de repente saiu e não voltou. Eu fui até onde eu pude, não tem como mais eu andar, evoluir. Minha evolução acabou, e é isso que me dá mais medo”, lamentou.

O jovem tem trajetória promissora no esporte, é faixa preta no karatê. A mãe guarda todas as faixas e as mais de 20 medalhas que ele conquistou, inclusive em campeonatos brasileiros. Gustavo não tem passagem pela polícia, a família não consegue encontrar respostas para perguntas que atormentam.

“Será se eu errei em alguma coisa, será se a culpa foi minha, será se eu não fui mãe o suficiente para que ele estivesse hoje do meu lado”?, questionou a mãe.

Tocantins não tem delegacia especializada para investigar desaparecimentos
Tocantins não tem delegacia especializada para investigar desaparecimentos

Outro caso que ainda não foi esclarecido é da menina Laura Vitória Oliveira da Rocha, que desapareceu com 9 anos. Desde janeiro de 2016, a família não sabe o que aconteceu. “Está em segredo de Justiça, estão sendo tomadas as providências para o deslinde dos casos e tão logo tivermos uma posição, divulgaremos para a imprensa”, afirmou o delegado Evaldo Gomes.

No Tocantins, todas as delegacias acabam investigando os casos, já que não tem um distrito especializado. “Deve-se imediatamente registrar ocorrência que pode ser feita em toda e qualquer delegacia, independente do local do desaparecimento e independente da condição da vítima. E não tem um tempo, não tem uma data prevista para registrar a ocorrência”, explicou o delegado.

O que move a Jesa é a esperança. Ela acredita que vai encontrar o filho. “Onde quer que ele esteja, que ele volte para casa, que aqui estamos de braços abertos esperando e sofrendo muito. Ele faz muita falta, ele é muito importante nas nossas vidas”.

A Secretaria de Segurança Pública do Tocantins informou que estuda a possibilidade de criar uma delegacia especializada em desaparecidos no estado.

Fonte: https://g1.globo.com/to/tocantins/noticia/2019/04/26/tocantins-nao-tem-delegacia-especializada-para-investigar-casos-de-desaparecimentos.ghtml