Bandeirantes, a cidade do Tocantins que sobrevive sem água nas torneiras e refém da ATS
Bandeirantes é uma cidade localizada na região norte do Tocantins com cerca de 4 mil habitantes. Nos últimos anos, a população tem vivido um verdadeiro drama em decorrência da constante falta d’água nas torneiras.
A responsável pelo abastecimento da cidade é a Agência Tocantinense de Saneamento (ATS). O sistema de distribuição é muito antigo e não passa por manutenção preventiva há vários anos. Imagens enviadas à reportagem mostram a caixa d’água enferrujada, com instalações antigas e rodeada de entulhos.
Segundo moradores, a precariedade na prestação de um serviço essencial, como o de água, vem afetando todo o comércio local, hotéis, restaurantes, escolas, prédios públicos, ou seja, paralisa praticamente toda a cidade.
Para os moradores, ações simples e rotineiras no dia a dia, como lavar louças, roupas e até mesmo tomar banho, viram tarefas difíceis.
É o caso da moradora Sanda Barbosa Santana, que vive na cidade há 28 anos. Ela relatou ao portal AF Notícias que a falta de água na sua residência já chegou a durar seis meses. “Às vezes, a água chega ao meio-dia e acaba uma hora depois. Eu não consigo lavar roupa e nem tomar banho direito”, reclamou.
O mesmo drama também é vivido por Kênia Alves, outra moradora pioneira de Bandeirantes. Ela vende lanches na cidade, mas não está conseguindo trabalhar devido a falta d’água. Com isso, o sustento da sua família também está comprometido.
“O problema é que não tem água pra nada, mas temos de pagar o talão todos os meses. Eu não consigo sequer fazer serviços básicos, como lavar roupas e vasilhas”, relatou.
Kênia disse que sempre faz contato com a ATS, mas as respostas são insatisfatórias. Os moradores já defendem ações judiciais contra a empresa.
Diante do grave quadro, o prefeito de Bandeirantes, José Mário, estuda a possiblidade de rescindir o contrato com a ATS e realizar uma licitação para contratação de outra empresa.
O Município propôs também a criação de uma Agência Municipal de Regulação para fiscalizar a execução dos serviços e punir os responsáveis por eventuais falhas. Porém, o projeto está parado na Câmara de Vereadores aguardando votação.
Enquanto o presidente da Câmara, vereador Advaldo Pereira de Souza, não coloca o projeto em pauta, a população continua sofrendo com o descaso na prestação dos serviços.
O QUE DIZ O PRESIDENTE
O presidente da Câmara afirmou que o projeto de lei foi protocolado na Câmara no dia 6 de junho e está atualmente nas comissões cumprindo os prazos regimentais.
Conforme o artigo 51 do Regimento Interno da Câmara, as comissões têm até 15 dias para emitir o parecer. Em caso de urgência do projeto, esse prazo será reduzido para 6 dias.
“Não posso atropelar os prazos”, disse o presidente, ressaltando que reconhece a gravidade do problema da falta de água. “É realmente uma calamidade. Sou um grande interessado em resolver esse problema”, afirmou.