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Orçamento previsto para Sirius impede conclusão do projeto para 2020, diz diretor

Laboratório de luz síncrotron de 4ª geração em construção em Campinas (SP), o Sirius não ficará totalmente pronto até o fim de 2020, como era previsto. Apesar de garantir o início de operação no próximo ano, o diretor do projeto destaca que o orçamento dotado pelo governo federal impede a conclusão no prazo inicial.

Segundo Antônio José Roque da Silva, diretor geral do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) e do projeto Sirius, a demora no repasse do valor previsto para este ano e a projeção de orçamento para 2020 fazem com que a entrega das 13 linhas de pesquisa previstas fiquem para 2021.

“Não tem milagre. Você atrasa o escopo total do projeto, mas o ponto importante é que foi possível fazer uma gestão para que o Sirius comece a dar retorno. Com a entrega da primeira linha de luz, ele começa a ser utilizado”, defende Silva.

Antônio José Roque da Silva, diretor do projeto Sirius — Foto: Fernando Evans/G1

Antônio José Roque da Silva, diretor do projeto Sirius — Foto: Fernando Evans/G1

O diretor ressalta que o escalonamento na entrega das linhas de pesquisa não tem relação com a fala do ministro de Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, de que poderia utilizar recursos do Sirius para o pagamento de bolsas CNPq. Em nota, o próprio MCTIC nega que haverá “remanejamento de recursos das entidades vinculadas para pagamento de bolsas.”

Sobre o atraso na conclusão do Sirius, o MCTIC informou em nota que a pasta tem se empenhado, em um “cenário de restrição orçamentária”, a manter recursos para seus institutos de pesquisa e entidades vinculadas.

Primeira sala onde os elétrons são acelerados antes de serem guiados para o acelerador principal do Sirius — Foto: Felipe Souza/BBC News Brasil

Primeira sala onde os elétrons são acelerados antes de serem guiados para o acelerador principal do Sirius — Foto: Felipe Souza/BBC News Brasil

Obra 100% pública

Projetado para ser uma das estruturas de pesquisa mais modernas do mundo, capaz de analisar diferentes materiais em escalas de átomos e moléculas, o Sirius é uma obra 100% pública.

O terreno onde está instalado foi desapropriado pelo governo do estado de São Paulo e cedido ao CNPEM. Os recursos para a construção e funcionamento, são fornecidas pelo MCTIC.

Segundo informações obtidas pelo G1 via Lei de Acesso à Informação (LAI), desde 2012 o Ministério de Ciência e Tecnologia fez dotação orçamentária de R$ 1,472 bilhão para o projeto, sendo que R$ 1,249 bilhão foram, de fato, pagos.

Em 2019, a dotação orçamentária é de R$ 255.155.000,00, sendo que até o momento foram depositados para o projeto R$ 50 milhões. O valor foi empregado principalmente na montagem do terceiro e principal acelerador e na instalação das três primeiras linhas de luz.

“Vamos aguardar até o final de setembro, ver quanto dos R$ 255 milhões ainda vamos conseguir empenhar e receber. O que recebemos priorizamos para garantir a primeira linha de luz. Já é um entendimento que vamos ter de escalonar. Se das 13 vamos entregar sete, oito ou nove em 2020, tudo vai depender de como as coisas andem. A medida que os recursos forem liberados, conseguimos programar as outras linhas”, completa o diretor.

Entenda como funciona o Sirius, o Laboratório de Luz Síncrotron — Foto: Infográfico: Juliane Monteiro, Igor Estrella e Rodrigo Cunha/G1

Entenda como funciona o Sirius, o Laboratório de Luz Síncrotron — Foto: Infográfico: Juliane Monteiro, Igor Estrella e Rodrigo Cunha/G1

Gonte: G1