Voluntários dão aulas de reforço em salas improvisadas e com materiais encontrados no lixo
Crianças carentes que moram em Miracema do Tocantins, município da região central do estado, recebem aulas de reforço especiais todas as semanas. Os professores são adolescentes que já foram alfabetizadas e os alunos são crianças mais novas em busca de mais conhecimento. As aulas acontecem em barracos feitos de forma improvisada e parte do conteúdo é dado a partir de livros e materiais encontrados no lixo. (Veja o vídeo)
A iniciativa é de Carlos André. O jovem tem 21 anos, aprendeu a ler e escrever aos 10 anos e sonha ser professor. Ele ainda não concluiu o Ensino Médio, mas decidiu atuar com o que estava ao seu alcance.
As salas de aula são feitas com pedaços de madeira, lonas e tecidos. “Construí com material de reciclagem. Eu ia lá no lixão, achava alguns plásticos, pegava e montava. As madeiras eu tirava lá no mato e fazia aqui também”, disse o voluntário Carlos André.
Ele também reutilizou livros e materiais escolares que foram descartados. As aulas acontecem aos finais de semana e os professores e alunos contam com ajuda da vizinhança. Os alunos aprendem matemática, português, inglês e outras disciplinas.
Dominga Bianca, de 13 anos, também ensina os colegas. Ela conta que faz questão de repassar tudo que já aprendeu para estudantes mais novos. “Fico muito feliz que o que eu aprendi estou passando para eles e é muito importante que eles aprendam”, conta.
Alunos aprendem conteúdos em salas improvisadas — Foto: Reprodução/TV Anhanguera
Carlos Rodrigues, de 11 anos, ficou entusiasmado com as aulas e lembrou do que deseja para o futuro. “Eu quero aprender inglês porque quero ser jogador. Jogar fora do Brasil, para esses times mais grandes. Para eu falar com o técnico”, comentou.
Orgulhosos, os pais de alunos e de voluntários ajudam nas aulas como podem. Além de incentivo, os pequenos recebem lanches, que segundo Maria da Penha é fundamental. “São famílias carentes aqui do bairro. Elas vem pensando que além de estudar elas vão ter também o que alimentar. Tem muitos [alunos] que já chegam aqui pedindo: ‘Tia tem lanche hoje?'”, disse a voluntária.
Amanda de 7 anos é uma das alunas que não falta uma aula. “Eu quero estudar muito para mim se tornar uma doutora [sic]”.
O problema é que quando chove os materiais molham. O próximo desafio da turma é construir salas para abrigar os alunos e dar continuidade ao projeto. “Seria necessário que toda a população fizesse um trabalho para a construção e realizar o sonho desse jovem que, para mim, é um baluarte nessa educação tão precária”, disse Babá Benício.
Barracos improvisados se transformam em salas de aula — Foto: Reprodução/TV Anhanguera
Ideia de dar aulas de reforço foi de voluntário que sonha ser professor — Foto: Reprodução/TV Anhanguera
Fonte: G1 Tocantins