Em 15 meses, quase 30 mil mulheres sofreram violência doméstica no Tocantins
Quase 30 mil mulheres foram vítimas de violência doméstica em apenas 15 meses no Tocantins. Só em Palmas foram registrados mais de 8 mil casos. Os dados foram colhidos pela Defensoria Pública e Secretaria de Segurança Pública do Estado entre os meses de janeiro de 2018 e março de 2019. Durante este período foram registradas 25 mortes. Do total, seis casos são investigados como feminicídio.
O Tocantins ocupa o 8º lugar no ranking brasileiro de maior índice de violência contra a mulher. Uma alteração na Lei Maria da Penha pode facilitar o combate a esta triste realidade. Com a mudança, a mulher que sofreu qualquer tipo de violência por parte do companheiro pode entrar com pedido de divórcio de qualquer cidade ou estado.
“O código de processo civil foi alterado agora no final de outubro, para dizer que essa mulher se ela fugir por exemplo, algo muito comum, ela tem que sair da cidade para poder tocar a sua vida sem violência. Se ela sair, no lugar onde ela se encontrar, ela pode acionar o poder judiciário para o encerramento desse vínculo afetivo. Então é uma facilitação, porque é muito importante que a mulher consiga se desvincular desse companheiro, esposo agressor”, comentou a advogada Emilleny Lázaro.
Em 2018 foram prestados mais de 1,6 mil atendimentos à mulheres vítimas de violência doméstica. Deste número, 75,3% se declararam pretas ou pardas, 67,3% sobrevivem com até um salário mínimo por mês e 52,5% possuem até dois filhos.
Jéssica Gomes tem 30 anos, ela conta que foi agredida pelo ex-marido e carrega na memória os traumas e cicatrizes. “Primeiro começou com a violência moral, depois ela foi evoluindo para a violência psicológica e chegou até na violência física, na qual ele me ameaçava e chegou a colocar uma faca no meu pescoço”, comentou a supervisora comercial.
Mulheres vítimas de violência ficam marcadas para a vida inteira, mas elas lutam para superar essas experiências ruins. Jéssica Gomes transformou os traumas em motivação e atualmente desenvolve um livro para contar a própria história e de outras mulheres que passaram pela mesma situação.
“A gente coloca essa mulher como vencedora para ela se admirar da própria história, e é muito lindo essas mulheres falando suas histórias, contando que conseguiu vencer. Esse livro está ficando um trabalho lindo, muito lindo mesmo de ver e eu tenho certeza que vai agregar muito na vida das mulheres que estão em situação de violência doméstica”, comentou Jéssica.
Mulheres que sofrem qualquer tipo de violência podem denunciar através do serviço da Defensoria Pública, ou ainda ligar de forma gratuita para o número 180 – Central de Atendimento à Mulher. O serviço do Governo Federal presta auxílio e orienta essas vítimas de violência de qualquer parte do território nacional.
Escritora ressignifica traumas escrevendo um livro — Foto: Reprodução/TV Anhanguera
Fonte: G1 Tocantins