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Pessoas já curadas do coronavírus agora sofrem discriminação social em Palmas; veja relatos

Os profissionais da Saúde de Palmas que atuam no monitoramento dos casos confirmados da covid-19 estão recebendo muitas queixas das pessoas que já estão recuperadas da doença e agora estão se sentido negativamente expostas por parte da sociedade.

Segundo os servidores, algumas pessoas relataram que estão sendo discriminadas no local de trabalho e até mesmo dentro de casa. Com isso, elas acabam tendo medo da exposição e de contar aos amigos que foram infectadas pelo coronavírus.

Palmas já confirmou 15 casos da covid-19, mas cinco pacientes já cumpriram o período de quarentena e não apresentam mais sintomas da doença.

A assessora médica da Secretaria Municipal de Saúde, Katarina Fonseca Ferreira, explicou que após a alta, as pessoas não transmitem mais a doença, podendo retornar às suas atividades habituais.

Ela destacou ainda a necessidade de nos colocarmos no lugar dos pacientes que tiveram a doença e que por dias se mantiveram em isolamento, sem qualquer contato físico com amigos e familiares e faz um apelo. “Peço que deixemos o preconceito de lado e sejamos solidários e que adotemos nesse período medidas de proteção e cuidado”.

MÉDICO RECUPERADO

O médico Marcelo Cabral, já recuperado da covid-19, conta que pelo fato de ser da área da Saúde e ter muitos profissionais também em sua família não sofreu nenhum tipo de preconceito no retorno ao trabalho, após cumprir o período de quarentena, porém, isso não é o que está acontecendo com alguns pacientes recuperados do coronavírus.

“O medo e o preconceito estão fazendo com que sejam discriminados no ambiente de trabalho e/ou familiar. Vamos desfazer agora esse mito: os pacientes, especialmente com sintomas leves, após o período adequado de quarentena, não transmitem mais a doença para as pessoas que estão ao seu redor. Não vamos espalhar preconceito e falsas notícias. É tempo de solidariedade, informação e conhecimento”, enfatizou.

ORIENTAÇÃO DO MINISTÉRIO DA SAÚDE

Segundo critérios clínico-epidemiológico do Ministério da Saúde, pessoas com suspeitas ou com confirmação de ter contraído a covid-19 poderão retornar ao trabalho após três dias do desaparecimento dos sintomas ou após sete dias do início dos sintomas, entretanto, a recomendação da Saúde de Palmas vai além e pede ao paciente que permaneça em isolamento domiciliar de 7 a 14 dias após o desaparecimento dos sintomas.

MAIS PRECONCEITO

Mesmo não tendo contraído a doença, pessoas que retornaram de viagem ao exterior também estão sentindo na pele a discriminação.

Uma moradora de Palmas, que pediu para não ter o nome divulgado, relatou a sensação de exclusão social mesmo após o cumprimento do isolamento domiciliar.

Por ter viajado ao exterior, ela cumpriu o rigoroso isolamento estabelecido pela Portaria Ministerial 356, de 11 de março de 2020, sendo acompanhada diariamente por técnicos da Secretaria Municipal de Saúde (Semus).

Ao término do período de isolamento domiciliar e sem apresentar nenhum sintoma, a moradora passou então para a medida de distanciamento social, recomendada a todos os brasileiros.

“Hoje saio somente para ir ao mercado e, mesmo tendo cumprido todos os protocolos e não tendo contraído a doença, percebo o receio de alguns conhecidos em se aproximarem de mim. Mas entendo que esse é o sentimento geral do planeta: as pessoas estão em pânico, mas é preciso conscientizá-las de que liberadas da quarentena essas pessoas podem e devem ter uma vida normal, dentro do que é possível hoje”, destacou.

Fonte: AF Noticias