Trump diz que pode enviar militares a cidades dos EUA onde houver confrontos em protestos antirracistas
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta segunda-feira (1º) que vai enviar militares norte-americanos às ruas do país caso os governadores e prefeitos não ponham fim à violência nos protestos antirracistas que se espalharam após a morte do ex-segurança negro George Floyd.
Trump prestou solidariedade a Floyd e reforçou que “encorajou fortemente” os estados a convocar a Guarda Nacional em número suficiente para dominar as ruas. De acordo com gravações obtidas pela imprensa dos EUA, o presidente disse aos governadores que eles “parecerão um bando de idiotas” caso permitissem violência nos protestos.
“Se os estados ou cidades não tomarem as ações necessárias para proteger a vida e a propriedade de seus moradores, eu vou chamar as Forças Armadas dos EUA para rapidamente resolver o problema por eles” – Donald Trump
Guga Chacra: ‘Trump deu um ultimado aos governadores’
Trump também disse que as cenas de violência nos EUA são “atos de terror doméstico” — no fim de semana, o presidente dos EUA afirmou que declararia o movimento antifascista Antifa um grupo de terrorismo local. Enquanto falava, um protesto era reprimido nos arredores da Casa Branca (leia mais adiante sobre os confrontos em Washington).
“Não são atos de protesto pacífico. São atos de terror doméstico. A destruição da vida de inocentes, o derramamento de sangue de inocentes são crimes contra Deus”, afirmou o republicano.
Além disso, Trump disse que faria “o possível” para garantir cumprimento ao toque de recolher. Diversas cidades dos EUA, inclusive Nova York e Washington, adotaram a medida. Porém, em vários locais, os protestos continuaram mesmo com a restrição.
“Eu vou lutar para proteger vocês”, afirmou. “Sou o presidente da lei e da ordem e aliado dos protestos pacíficos.”
Governadores em diversos estados norte-americanos pediram reforço de integrantes da Guarda Nacional que atuam já em cada um desses locais. O primeiro a pedir ajuda foi Minnesota, justamente o estado onde George Floyd morreu.
Trump visita igreja depredada
Donald Trump visita nesta segunda (1º) igreja danificada durante protestos em Washington — Foto: Reprodução/GloboNews
Depois do discurso, Trump seguiu à igreja episcopal de St. John’s, templo perto da Casa Branca que sofreu vandalismo durante um dos atos. Lá, o presidente deu breve declaração a jornalistas de que o país “sairia [da crise] melhor do que nunca”.
No entanto, em entrevista à emissora norte-americana CNN, a bispa episcopal do Distrito de Columbia — onde fica a capital Washington —, Mariann Edgar Budde, repudiou a visita de Trump ao templo. “O presidente usou uma Bíblia e uma das igrejas da minha diocese sem permissão para uma mensagem oposta aos ensinamentos de Jesus e tudo àquilo que nossa igreja defende”, afirmou.
“Quero que o mundo saiba que a Diocese de Washington, seguindo Jesus e seu caminho de amor, nos distanciamos da linguagem incendiária desse presidente”, acrescentou a bispa.
Protestos em Washington
Integrantes do Serviço Secreto enfrentam manifestantes durante protesto pela morte de George Floyd nas proximidades da Casa Branca, em Washington, na segunda-feira (1) — Foto: Reuters/Jonathan Ernst
Enquanto Trump discursava, os arredores da Casa Branca registravam confrontos entre forças de segurança e manifestantes, após protesto que começou pacífico. De acordo com a imprensa norte-americana, o presidente enviou de 600 a 800 militares da Guarda Nacional a Washington.
A capital norte-americana foi colocada em toque de recolher, que começou às 19h (horário local, 20h de Brasília) — ou seja, entrou em vigor poucos minutos depois de Trump declarar que faria o possível para garantir o cumprimento.
Depois de Washington e outras grandes cidades norte-americanas como Los Angeles, Nova York declarou toque de recolher nesta segunda-feira. O prefeito e o governador concordaram em adotar a medida após confrontos ocorrerem à noite e na madrugada, depois dos atos pacíficos.
Fonte: G1 Mundo