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Queimadas ameaçam bairros e áreas de preservação ambiental

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Dois flagrantes feitos recentemente pela equipe do Portal O Norte dão ideia da dimensão de um problema comum nessa época do ano na região: as queimadas. Ambos os registros foram feitos em áreas urbanas de Araguaína, o que mostra que, diferente do que pensam muitas pessoas, a fumaça que invade a cidade, sufocando os moradores e causando problemas de saúde, não vem de tão longe.

O primeiro flagrante foi feito próximo ao Jardim das Flores. Por lá, parte da vegetação seca de um lote particular foi consumida pelas chamas. O Corpo de Bombeiros teve que ser chamado para conter o avanço do fogo, que chegou a ameaçar os moradores de uma invasão. Como há muito lixo no local, o fogo se espalhou rapidamente. Depois de alguns minutos, os bombeiros conseguiram conter o incêndio.

Para a dona de casa Marciléia Souza, que mora no Jardim das Flores com três filhos e o marido, além do risco para a integridade da sua família, já que a casa pode ser facilmente alvo das chamas, as queimadas da região também tem causado sérios problemas de saúde. “Meu filho mais novo, de 2 anos, vive no hospital. Ele tem problemas respiratórios e por causa da fumaça, passa mal frequentemente”, contou ela.

O outro flagrante feito pela nossa equipe foi próximo ao Jardim Filadélfia. Lá, as chamas consumiram parte de uma área de preservação ambiental. Quando chegamos, o fogo já tinha sido controlado, mas alguns focos isolados ainda resistiam. O entulho jogado pelos moradores, especialmente as galhadas secas e o lixo, facilitou a difusão das chamas. A fumaça comprometeu a respiração de quem passava pelo local. Apesar de ter sido um incêndio de pequenas proporções, de longe era possível ver o rastro de destruição deixado pela queimada.

O que mais chamou atenção nesse episódio foi o fato de o incêndio ter acontecido em uma área de preservação ambiental. Pelo menos é o que anuncia uma placa do Governo Federal no local. Nela, é informado que ali foi supostamente implantado um projeto de recuperação de nascentes e matas ciliares.

A ironia é que a placa que anuncia a “Revitalização da Nascente do Córrego Muricizinho” quase veio ao chão por causa do incêndio. Uma das duas estacas que lhe dá suporte por pouco não foi consumida pelas chamas.

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De acordo com a auxiliar de serviços gerais Loide Maria dos Santos, que mora próximo de onde ocorreu o incêndio, as queimadas são cada vez mais comuns no local. “Infelizmente, falta consciência por parte da população. É triste que uma área de preservação seja destruída dessa maneira sem que nenhuma autoridade tome providência”, lamentou ela.

Ranking das queimadas
De acordo com Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Tocantins é o terceiro estado brasileiro com maior número de focos de incêndio, com 4,3 mil, de janeiro a julho desse ano. Perde apenas para o Maranhão e o Mato Grosso.

Nos últimos 9 anos, as cidades campeãs de queimadas no estado foram Formoso do Araguaia, Lagoa da Confusão e Pium. Formoso, aliás, é listado atualmente como o terceiro com mais focos de todo o país. São 107.

Apesar do elevado número de queimadas no Norte do Estado, Araguaína ainda é considerada uma cidade com poucos focos de incêndio.
(Portal O Norte)