‘Nossa democracia está em jogo’, diz Barack Obama sobre eleições presidenciais dos EUA
Barack Obama, ex-presidente dos Estados Unidos, teceu elogios ao candidato democrata à Casa Branca, Joe Biden, enquanto fez críticas duras ao presidente Donald Trump e ao governo do republicano. “Nenhum americano consegue consertar este país sozinho, nem mesmo um presidente”, disse, em discurso na Convenção Nacional do Partido Democrata nesta quarta-feira (19).
“É o que está em jogo agora: nossa democracia”, afirmou Obama.
A partir do Museu da Revolução Americana, na Filadélfia, o ex-presidente chamou Biden de “irmão” e elogiou a parceria com ele durante os oito anos de governo Obama (2009-2017) — Biden era o vice-presidente (leia mais sobre os elogios de Obama ao candidato democrata mais adiante).
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Em tom duro, Obama disse que seu sucessor, Donald Trump, não leva a Presidência a sério e acusou o republicano de tratar o cargo como “mais um reality show”.
“Eu nunca esperei que meu sucessor abraçasse minha visão, ou seguisse com minhas políticas”, disse o ex-presidente.
“Eu tinha a esperança, pelo bem do nosso país, que Donald Trump demonstrasse algum interesse em levar o trabalho a sério; que ele sentisse o peso do gabinete e que descobrisse algum respeito pela democracia que estava sendo colocada aos seus cuidados.”
Obama disse também que seu sucessor não demonstrou interesse no trabalho e que está no poder para benefício próprio e de seus amigos. Ele também relembrou a gestão do atual mandatário frente a crise do novo coronavírus que já infectou mais de 5 milhões de americanos.
Ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, discursa no terceiro dia da Convenção Nacional Democrata nesta quarta-feira (19) — Foto: Convenção Nacional Democrata/Pool/AP
“Donald Trump não evoluiu no cargo, porque ele não consegue”, disse Obama.
“E as consequências do seu fracasso são duras. 170 mil americanos mortos. Milhões de empregos acabaram. O pior de nós se aflorou, nossa reputação no exterior foi diminuída e nossas instituições democráticas estão ameaçadas como nunca antes.”
“Eu sei bem que em tempos de polarização, como este, muitos de vocês já estão com a cabeça feita. Mas talvez você ainda não tenha certeza em qual candidato votar – ou se irá votar em alguém. Talvez você esteja cansado da direção que nós estamos tomando, mas você não consegue ver um caminho melhor, ou apenas não sabe que tem uma pessoa que quer nos levar para lá.”
Obama chama Biden de ‘irmão’
O então presidente dos EUA, Barack Obama, ouve seu vice-presidente, Joe Biden, durante evento na Casa Branca, em foto de 13 de dezembro de 2016 — Foto: AP Foto/Carolyn Kaster
O ex-presidente relembrou o período em que trabalhou junto a Joe Biden na Casa Branca entre 2009 e 2016, e disse que o candidato democrata é um irmão que ele encontrou, ainda que ambos viessem de origens e gerações diferentes.
“Eu rapidamente comecei a admirá-lo por sua resiliência, nascida a partir de muita dificuldade; sua empatia, que veio depois de muito luto”, disse Obama.
“Joe é um homem que aprendeu muito cedo a tratar todo mundo com respeito e dignidade, como seus pais lhe ensinaram: ‘ninguém é melhor do que você e você não é melhor do que ninguém.”
“Durante oito anos, Joe foi o último a sair da sala quando eu precisava tomar uma decisão importante. Ele me tornou um presidente melhor. Ele tem caráter e a experiência de nos transformar em um país melhor”, seguiu o ex-presidente.
Nos EUA, ex-presidente Barack Obama discursa na convenção do Partido Democrata
“Nesta noite eu estou pedindo a você que acredite na habilidade de Joe e Kamala para liderar este país para fora da escuridão e reconstruí-lo melhor. Mas aí é que está: nenhum americano consegue arrumar esse país sozinho, nem mesmo o presidente.”
“A democracia nunca foi transacional – você me dá seu voto, eu melhoro tudo. Ela requer um ato de civilidade. Então eu estou pedindo para vocês acreditarem na sua própria habilidade – de aceitar sua responsabilidade como cidadãos – e garantir que os princípios básicos da nossa democracia perdurem. Porque é isso que está em jogo agora. Nossa democracia.”
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Fonte:G1 Mundo