Em meio à polêmica, presidente do TJTO reconhece que máscara ‘atrapalha um pouco’
A polêmica sobre o uso de máscara durante os debates do Tribunal do Júri em Araguaína – que já resultou no cancelamento de cinco julgamentos e soltura de alguns réus de alta periculosidade – pode ganhar novos contornos com um exemplo que vem da Corte tocantinense, o Tribunal de Justiça.
Nesta quinta-feira (17), durante a votação para escolha do novo membro do TJTO, em dois momentos, os desembargadores demonstram que a máscara de pano dificulta a comunicação de forma clara e compreensível.
No primeiro caso, o presidente da Corte, Helvécio Maia, usa a máscara no queixo enquanto conduz a sessão e passa a palavra à desembargadora Jacqueline Adorno, mas, logo em seguida, interrompe-a para pedir que falasse um pouco mais alto, “por que a máscara atrapalha um pouco e o som fica abafado”.
Noutro momento, quando o novo desembargador Pedro Nelson Coutinho se prepara para fazer o discurso de posse, o mesmo pede licença ao presidente para retirar sua máscara.
Os dois momentos, registrados em vídeo, são citados por promotores de justiça para demonstrar que o uso da máscara de pano atrapalha o orador durante os debates no plenário de julgamento. E a prova vem justamente de quem tem a missão e o poder de pacificar a questão, o TJTO!
Em Araguaína, o juiz titular do Tribunal do Júri, Francisco Vieira Filho, passou a exigir o uso da máscara de todos os participantes, inclusive durante os debates na sessão de julgamento.
O promotor Pedro Jainer Passos Clarindo da Silva pediu para usar somente o protetor facial (face shield) no momento do debate, mas o juiz negou. O impasse se arrasta desde o dia 1º de setembro, data em que ocorreria o primeiro julgamento da temporada.
No júri, promotor e defesa falam, alternadamente, inicialmente por 1h30 e depois por mais 1 hora, com o objetivo de convencer os jurados de suas respectivas teses.
O promotor argumenta que não há como trabalhar de “maneira minimamente eficiente com a boca obstruída”.
“Seja a entonação, sejam expressões faciais, seja a capacidade do jurado olhar no rosto da testemunha, réu ou orador para sentir credibilidade ou não na fala, tudo isso é importante para a sessão plenária”, argumenta o promotor ao afirmar que sua principal missão é ‘promover justiça e garantir um julgamento justo’, e não se preocupar em aumentar relatório de produtividade.
Fonte: AF Noticias