Sem aulas remotas, estudantes da UFT podem perder ano letivo: ‘6 meses sem respostas’
Com todas as atividades acadêmicas suspensas desde o dia 16 de março, devido à pandemia do novo coronavírus, os estudantes da Universidade Federal do Tocantins (UFT) temem perder o ano letivo.
Segundo os universitários, passados quase seis meses de pandemia, a universidade não adotou nenhuma providência para a retomada das aulas, nem mesmo de forma não presencial, a exemplo de outras instituições superiores do Estado.
Após muitas reclamações dos estudantes, o reitor Luís Eduardo Bovolato publicou um vídeo nas redes sociais, na última quinta-feira (17), falando sobre as ações desenvolvidas pela universidade neste período de pandemia. Ele pediu cautela e respeito à ciência no retorno das atividades presenciais.
“Nesses meses que se passaram a UFT não parou. Continuamos trabalhando, alguns de forma presencial, outros remotamente”, disse Bovolato ao citar algumas ações como a distribuição de cestas básicas e atendimento psicológico para estudantes e servidores.
Por outro lado, os acadêmicos ficaram ainda mais frustrados após o vídeo, pois esperavaram que o reitor comentasse sobre a retomada das atividades e o novo calendário acadêmico, o que não ocorreu. Até agora, a instituição não adotou nenhuma forma de compensar o tempo de paralisação das atividades presenciais, como aulas on-line, por exemplo.
“Seis meses e vocês não apresentaram nenhum parecer sobre o calendário. Dizem que estão acompanhando a situação, fazem inúmeras comissões de diagnóstico disso e daquilo, mas até agora nada de concreto foi mostrado, queremos respostas convincentes!”, disparou dos universitários que preferiu não se identificar por temer represálias.
“Já são 6 meses sem respostas, já são 6 meses sem aula. Esse trabalho social é o mínimo que a universidade poderia fazer para a comunidade. E os alunos ficam como? Lógico, sem aula, sem resposta, sem posicionamento da universidade. Em toda minha vida nunca havia visto uma instituição de ensino superior que não quer dar aula”, criticou.
OUTRAS INSTITUIÇÕES SEGUEM NORMALMENTE
A revolta dos acadêmicos é ainda maior, pois outras universidades federais do país, bem como as faculdades particulares de Palmas e a Universidade Estadual do Tocantins (Unitins) estão ofertando aulas remotas há vários meses.
“A Ulbra, Católica, Fapal continuaram as suas aulas normalmente, de forma remota. A UFT continuou com as atividades de pós-graduação, mestrado e doutorado. Só suspendeu as atividades de graduação”, explicou um aluno do 8º período do curso de Direito na Capital.
Enquanto não há nenhuma definição sobre a retomada do calendário letivo, resta a frustração diante do atraso na concretização de sonhos e projetos de vida. “Eu deveria ter me formado em agosto, é muito frustrante ter os planos e sonhos atrasados”, lamentou uma estudante do curso de jornalismo de Palmas.
O QUE DIZ A UFT
“A Universidade Federal do Tocantins (UFT) informa que as aulas estão suspensas por conta da pandemia do novo coronavírus (covid-19) e que a modalidade de ensino remoto ainda não foi implementada na instituição por nem todos os estudantes da universidade possuírem aparelhos tecnológicos para assistirem às aulas. Segundo um levantamento feito Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), mais de 30% dos estudantes de graduação da UFT não possuem computador e cerca de 25% não tem acesso à internet em casa.
De acordo com essa pesquisa, atualmente 83,9% dos alunos da UFT vivem em situação de vulnerabilidade socioeconômica, é o índice mais alto de toda a região norte do país. Informamos que os fatores apontados acima dificultam a implantação das aulas na modalidade remota e que não é de interesse da instituição prejudicar nenhum estudante, pelo contrário, a universidade tem se esforçado e agido com equidade.
A universidade está se organizando em várias frentes para resolver a questão da vulnerabilidade, como edital de auxílio estudantil para compra de equipamentos (notebooks, tablets e smartphones) e custeio de internet. Outra medida é que foi instituída uma Comissão de Acompanhamento e Pesquisa (COAP), que está aberta até o dia 23 deste mês, para obter informações que possibilitem a elaboração de relatório, com os respectivos diagnósticos, mapeamento, desafios e perspectivas, subsidiará as decisões futuras para o desenvolvimento de ensino, pesquisa e extensão na UFT, incluindo as discussões referentes às atividades remotas. Feito isso, o relatório será entregue ao Conselho Universitário (Consuni) para que delibere sobre o assunto. Reforçamos que a decisão do Consuni é feita com votações de representantes estudantis, dos técnicos, docentes e da gestão da UFT”.
Fonte: AF Noticias