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Com cirurgias suspensas, paciente com câncer faz bazar e tenta arrecadar dinheiro para reconstrução da mama

No mês de conscientização contra o câncer de mama, pacientes buscam arrecadar dinheiro para fazer cirurgia de reconstrução mamária, que está suspensa na rede pública estadual de saúde do Tocantins. Algumas mulheres fazem até bazar ou contam com a ajuda de parentes para arrecadar o dinheiro e fazer o procedimento na rede particular.

O Ministério da Saúde disse que é responsabilidade do Estado regular o acesso dos pacientes, de acordo com as necessidades. Já a Secretaria Estadual da Saúde informou que está elaborando um planejamento para o retorno das cirurgias que foram suspensas por causa da pandemia.

A cabeleireira Cícera Carmino faz tratamento contra um câncer de mama desde maio. A última quimioterapia está marcada para a próxima semana e logo depois deve começar os exames pré-operatórios.

“Eu fiquei sem chão. Logo iniciei o tratamento e já estou terminando as quimioterapias. Faço a última dia 22, na quinta-feira”.

Cícera Carmino faz bazar para arrecadar dinheiro e fazer cirurgia — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

Cícera Carmino faz bazar para arrecadar dinheiro e fazer cirurgia — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

Cícera conta que, antes da cirurgia, foi informada que os procedimentos de reconstrução da mama não estão sendo feitos pela rede pública estadual de saúde, por falta de prótese.

Ela, então, teve a ideia de fazer uma bazar para arrecadar dinheiro e conseguir realizar o procedimento. “Você pensar que vai ficar mutilada e sabendo que tem direito, é muito triste”.

Segundo uma lei federal, pacientes atendidos por planos de saúde ou pelo SUS, que fizerem mastectomia, tem direito à reconstrução mamária, seja de forma imediata ou quando tiver condições clínicas, o que nem sempre acontece.

A aposentada Fabrícia Lima conta que a reconstrução da mama só foi possível porque parentes se juntaram e pagaram pela prótese. “Eu corri atrás, no momento eu não tinha condições financeiras para arcar com a compra de uma prótese. Quando a gente passa por uma doença dessa, tudo o que a gente tem a gente gasta, corre atrás, para de trabalhar”.

Aposentada contou com a ajuda de parentes para fazer cirurgia de reconstrução da mama — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

Aposentada contou com a ajuda de parentes para fazer cirurgia de reconstrução da mama — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

Profissionais apontam que durante o tratamento e após a mastectomia, muitas mulheres desenvolvem problemas de autoestima, ansiedade e depressão. A cirugia para reconstrução faz com que as pacientes reajam ao tratamento.

“A gente tem a nossa referência corporal, da nossa imagem. Isso impacta na autoestima porque eu tenho que começar a ressignificar em mim uma imagem que antes eu não tinha”, argumenta a psicóloga Ximena Oliveira.

“Quando ela faz um tratamento e ela já sai com a sua mama, o tratamento para ela passa a ser menos doloroso”, afirmou a mastologista Evelling Lorena.

Para o advogado David Sadrac, que representa a Comissão da Saúde da OAB em Araguaína, a paralisação das cirurgias é grave e as pacientes devem procurar a Justiça. “É dever do estado prestar assistência à saúde de modo universal. Tendo esse direito negado, a paciente pode pleitear no poder Judiciário para que ela tenha esse direito constitucional resguardado”.

Fonte: G1 Tocantins