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Servidora investigada pela PF como suspeita de desviar vacinas foi a 1ª pessoa imunizada contra Covid em Gurupi

A mulher investigada pela Polícia Federal por suposto desvio de vacinas contra a Covid-19 em Gurupi, no sul do Tocantins, é a servidora pública Maria do Rosário Moreira Conceição. Ela é a chefe do setor de vacinas na cidade, mas está afastada do cargo desde maio deste ano por causa das suspeitas. Maria do Rosário chegou a ser homenageada quando se tornou a primeira moradora da cidade imunizada contra o coronavírus.

A TV Anhanguera e o G1 não conseguiram localizar a servidora ou a defesa dela. A Prefeitura de Gurupi disse que a denúncia foi registrada pela própria Secretaria Municipal de Saúde após um episódio em abril deste ano e que está a disposição das autoridades para colaborar com a investigação.

Três mandados foram cumpridos pela PF na manhã desta terça-feira (29), um deles na casa dela. Inicialmente, a polícia estima o sumiço de aproximadamente 100 doses. A investigação começou no dia 6 de maio de 2021 quando a PF recebeu uma denúncia. O caso é narrado em detalhes na decisão do juiz federal Eduardo Ribeiro, que autorizou a operação.

Segundo o documento, o diretor de Vigilância Sanitária de Gurupi, Marcus Marcolino, prestou depoimento e explicou como o suposto desvio foi descoberto. Ele contou que foi chamado pela equipe por causa de uma confusão entre os servidores. Quando chegou ao posto de saúde, soube que uma enfermeira foi até a sala onde são armazenadas todas as vacinas. É a sala de Maria do Rosário Moreira Conceição, onde ela normalmente trabalha sozinha.

Servidora alvo da operação foi a primeira pessoa a ser vacinada em Gurupi — Foto: Jairo Santos/TV Anhanguera

Servidora alvo da operação foi a primeira pessoa a ser vacinada em Gurupi — Foto: Jairo Santos/TV Anhanguera

Ao entrar na sala, a enfermeira percebeu que sobre a pia havia uma caixa de isopor com vacinas da AstraZeneca; com frascos na quantidade suficiente para 100 doses do imunizante. Essa enfermeira estranhou a situação porque a retirada das vacinas das geladeiras só acontece quando elas vão ser usadas.

Ela chamou outras colegas pra mostrar o ocorrido e foi quando Maria do Rosário chegou e ficou extremamente agressiva. Ela teria retirado a caixa das mãos das outras servidoras e impedido que elas examinassem tudo. Foi quando as colegas chamaram o chefe para relatar o caso.

Enquanto Marcus Marcolino ia até o local, Maria do Rosário teria levado a caixa até a área de serviço. Marcolino disse para a polícia que determinou o fechamento do prédio assim que chegou e a busca pela caixa. Os funcionários localizaram a embalagem, mas dentro havia apenas quatro unidades de um produto chamado ‘Gelox’, usado para manter a temperatura das vacinas, mas nenhuma dose.

Ele afirma que o tempo todo Maria do Rosário estava muito alterada. Após a contagem de vacinas da Covid-19, os profissionais não deram falta de imunizantes da AstraZeneca, mas descobriram o sumiço de 80 doses da CoronaVac.

Para a Polícia Federal, esse suposto desvio de vacinas pode ter dois objetivos: obter dinheiro com a venda ilegal ou a imunização dos parentes.

Diante dessas hipóteses, a PF pediu e a justiça autorizou mandados de busca e apreensão nos endereços de Maria do Rosário e dos familiares dela. A suspeita é de que a servidora estaria desviando doses de vacinas constantemente, aproveitando o cargo para fazer o lançamento de dados inverídicos no sistema sobre a quantidade de doses existentes em depósito.

Fonte: G1 Tocantins