Pesquisa detecta pela 1ª vez nova mutação da variante Gamma da Covid no Tocantins
Um novo artigo divulgado pela Revista bioRxiv traz a situação epidemiológica do Sars-CoV-2 (o novo coronavírus, causador da Covid-19,) e suas variantes no Estado do Tocantins.
O artigo, em inglês, foi publicado no último dia 30 de junho, produzido por diversos pesquisadores (veja lista ao final do texto), entre eles docentes da Universidade Federal do Tocantins (UFT), campus de Gurupi.
Segundo o professor Fabrício Campos, do curso de Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia, do campus da UFT em Gurupi, devido à necessidade de celeridade na divulgação das descobertas, os estudos estão sendo divulgados em forma de artigos pré-prints. “Nós iremos agora submeter o artigo para a Infection, Genetics and Evolution, uma revista da editora Elsevier, para ser revisado por pares“, diz o docente.
VARIANTE GAMMA
O artigo destaca a predominância da variante Gamma no Tocantins (antes chamada de P1 e descoberta no Amazonas). Ao todo, a variante estava presente em 63,8% das amostras analisadas. A pesquisa descreve ainda o surgimento de novas possíveis mutações e variantes virais com a nova linhagem, representada por oito genomas que abrigam a mutação.
Mutações são evoluções naturais e contínuas do vírus em seu processo de multiplicação. Quando ela ganha alguma vantagem na sua disseminação, tende a se tornar prevalente — como ocorreu com a Gamma.
A tendência é que o vírus circulante em áreas com altas taxas de imunidade busque evoluir para furar essa barreira e infectar o ser humano, daí surgem as chamadas variantes.
Novas linhagens da variante Gamma já foram detectadas recentemente no Amazonas, o que ameaça a chamada imunidade de rebanho.
VOLUÇÃO DA VARIANTE
A variante Gamma (P1) foi aquela que surgiu em Manaus e se espalhou por todo país. O estudo agora demonstra uma evolução dela. De acordo com o artigo, a variante detectada no Tocantins é relacionada à P1 e possivelmente surgiu em São Paulo e se espalhou para outras regiões do país, incluindo Goiás e Tocantins.
NOVA LINHAGEM DA VARIANTE GAMMA
O artigo conclui que foi detectada, pela primeira vez, uma nova linhagem potencialmente relacionada a variante Gamma do Sars-CoV-2, por meio do sequenciamento do genoma viral de amostras obtidas de morados de diversas cidades do Tocantins. Contudo, não informa se essa linhagem é mais transmissível ou letal.
O artigo também mostra a propagação e a evolução da variante P1 no Brasil e enfatiza a importância da vigilância genômica contínua no Estado do Tocantins com o objetivo de monitorar e prevenir a dispersão de variantes.
“A vigilância genômica é a única forma de rastrear e detectar qual variante de Sars-CoV-2 está circulando em determinado local, qual é mais prevalente, se há novas variantes em circulação, etc. A novidade do nosso projeto Corona-ômica-BR é que fizemos uma parceria com o Lacen/Tocantins e estamos realizando o sequenciamento no Tocantins (antes isso era feito pela Fiocruz e o Instituto Adolfo Lutz no Rio de Janeiro e em São Paulo, respectivamente, o que atrasava a obtenção dos resultados). Agora, temos uma vigilância genômica disponível no estado, trazendo agilidade no sequenciamento e na tomada de decisão por parte da Secretaria de Saúde. O que é fundamental para auxiliar no controle da pandemia“, destaca o professor Fabrício Campos, um dos autores do artigo.
Confira o artigo na íntegra no link abaixo
Lista de autores do artigo
- José Borges de Souza;
- Raíssa Nunes dos Santos;
- Fernando Lucas Melo; Aline Belmok;
- Jucimária Dantas Galvão;
- Sirlene Borges Damasceno;
- Tereza Cristina Vieira de Rezende;
- Miguel de Souza Andrade;
- Bergmann Morais Ribeiro;
- José Carlos Ribeiro Júnior;
- Rogério Fernandes Carvalho;
- Monike da Silva Oliveira;
- Isac Gabriel Cunha dos Santos;
- Fernando Rosado Spilki; e
- Fabrício Souza Campos.
(As informação são da UFT)
Fonte: AF Noticias