Cidades do Tocantins começam a mandar ‘sommelier de vacina’ para o fim da fila de imunização contra Covid
Algumas cidades do estado começaram a adotar a orientação da Secretaria de Estado da Saúde (SES) para mandar para o fim da fila as pessoas que tentarem escolher qual vacina contra o coronavírus tomar, os chamados ‘sommelier de vacinas’. Esse é o caso das cidades de Arraias, no sudeste do estado, e Colmeia, na região centro-norte.
“Essas pessoas, conforme orientação da imunização estadual, deverão aguardar até que toda a comunidade seja imunizada para que então possam ter a opção de escolher o tipo de vacina que queiram ser imunizados”, explicou o secretário de saúde de Arraias, Cléber de Paula.
Em Colmeia, segundo o secretário de saúde, Vinícius Souza Martins, pelo menos 5% dos grupos querem escolher a vacina e por isso a cidade está tendo dificuldades em avançar na imunização.
“Agente precisa fechar os grupos e algumas pessoas estão escolhendo vacina. O índice que a gente pretende vacinar de pessoas era mais alto, só que a demanda está pequena por causa da escolha. Hoje mesmo eu tive que fazer uma ligação pessoalmente para um paciente que se recusou e tive que ligar para explicar que ele só vai entrar agora ao final dos grupos”, disse.
A orientação para enviar essas pessoas para o fim da fila foi dada pela superintendente de Vigilância em Saúde, Perciliana Joaquina Bezerra de Carvalho, na última quarta-feira (7). “A orientação que nós estamos dando para os municípios é quem estiver escolhendo ir para o final da filha”, disse.
A Prefeitura de Araguaína, segunda maior cidade do estado, disse que ainda não recebeu formalmente essa orientação. Em Palmas, o município está avaliando a melhor forma de agir.
Enquanto isso quem perdeu alguém para o vírus tem a certeza de que qualquer imunizante teria feito a diferença. É o caso da Reijane Rodrigues, que não poderá mais contar com o abraço de dois irmãos e da mãe.
“Se meus irmãos estivessem aqui, se minha mãe estivesse aqui tendo a chance, se estivessem vivos para tomar, eles não iriam escolher. Iriam tomar a que tivesse na vez. Tem gente que fala que não vai tomar por causa da reação, que vai ter reação. Não façam isso! Chegou a sua hora, está na sua idade, vá tomar a vacina. Não escolha, todas elas têm a proteção necessária”, disse a comerciante Reijane Rodrigues.
Comerciante mostra irmãos que perdeu para o coronavírus — Foto: Reprodução/TV Anhanguera
Porque não escolher vacina
É preciso entender que todas as vacinas disponíveis foram aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e têm eficácia comprovada. Os imunizantes também não são escolhidos aleatoriamente entre os grupos prioritários.
O Ministério da Saúde decide quem vai receber qual dose de acordo com as características de cada fabricante. As grávidas com comorbidades, por exemplo, não podem tomar a AstraZeneca devido à possíveis reações.
Por ter dose única, a Jansse é utilizada em públicos de difícil acesso como caminhoneiros que vivem de rodar o Brasil. Já a Pfizer tem condições específicas de armazenamento e por isso não chega a todas as cidades do estado.
“É muito importante se vacinar, independente da marca disponibilizada. Então, essa escolha de tipo de vacina pode retardar totalmente o processo de imunização. Locais onde as vacinas já avançaram a gente percebe uma redução no número de casos graves e principalmente de mortes”, explicou o médico Alexandre Pimenta.
Fonte: G1 Tocantins