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Carlesse pode não ser candidato a nada nas eleições de 2022, mas é muito improvável

São raríssimos os casos de políticos que decidem sair da vida pública por livre e espontânea vontade, entendendo que já deram sua contribuição à sociedade e que a democracia é um processo que necessita de frequente oxigenação.

A máquina pública brasileira garante tantas benesses, poder e vaidade, que ninguém quer desgrudar da mamata. Velhos caciques como José Sarney, Fernando Collor, Renan Calheiros e companhia, são alguns dos exemplos!

Na verdade, os políticos, em sua imensa maioria, só deixam um cargo eletivo por outro melhor ou vitalício, quando ficam inelegíveis, perdem a eleição ou morrem.

Por essas breves considerações, é pouquíssimo provável que o governador do Tocantins, Mauro Carlesse (PSL), não seja candidato a nada nas eleições de 2022, mesmo que essa afirmação já tenha saído de sua própria boca.

Apesar da meteórica ascensão ao cargo de governador, a trajetória política de Carlesse ainda é muito curta para ser encerrada. Começou em 2012 como candidato a prefeito de Gurupi, quando foi derrotado por Laurez Moreira. Em 2014, conseguiu ser eleito deputado estadual com uma votação pouca expressiva, 12.187 votos. Era, até então, um paranaense desconhecido na política estadual, embora bem sucedido financeiramente em seus negócios, o que lhe projetou à presidência da Assembleia Legislativa do Tocantins para o biênio 2017/2018. Assim, a cobiçada cadeira do Palácio Araguaia caiu em suas mãos inesperadamente com a cassação do então governador Marcelo Miranda (MDB), e fora reeleito em 2018, já com o poder da máquina pública. Pronto, esse é o breve currículo do atual governador.

Marcelo Miranda foi eleito pela primeira vez em 1990 para deputado estadual e segue até hoje na política. Siqueira Campos começou como vereador de Colinas do Tocantins em 1965 e vai completar 93 anos neste domingo (1º de agosto) como suplente de senador. Moisés Avelino iniciou em 1982 como prefeito de Paraíso, mesmo cargo que ocupava até o ano passado. Há muitos outros exemplos…

Não obstante, política só se faz com grupo e, por essa razão, Carlesse já não pode mais decidir sozinho sobre seu futuro político, pois muitos de seus aliados serão diretamente impactados pela decisão.

O próprio vice-governador Wanderlei Barbosa, que é o candidato natural à sucessão do Palácio Araguaia, acredita que Carlesse não tomará qualquer decisão sem consultar previamente o grupo.

Sabiamente, ao dizer que não será candidato a nada em 2022, Carlesse evita antecipar o processo eleitoral e levar ainda mais pancadas antes da hora, ou seja, um desgaste desnecessário. Porém, caso não esteja blefando, o governador dará um ponto fora da curva ao abrir mão de disputar qualquer cargo público, algo raro na política.

Fonte: AF Noticias