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Afegão que vive no Brasil há 6 anos diz que está preocupado com família após domínio do Talibã: ‘Queremos paz’

Sayed na época em que morava no Afeganistão. — Foto: Sayed Abdul Rahman Hashimi/ Arquivo pessoal

“Estou chocado, tenho irmãs, sobrinhos e cunhados vivendo em Cabul”.

 

Esse é o sentimento do engenheiro civil Sayed Abdul Rahman Hashimi, de 30 anos, a respeito da invasão do Talibã no Afeganistão, local onde nasceu e foi criado. Ele contou que falou com os parentes e, “por enquanto”, estão em segurança, em casa.

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Ele saiu de Cabul, capital do país, em 2015, para morar e estudar no Brasil. Ele cursou uma especialização em engenharia, em 2019, na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

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Em conversa ao G1, Sayed disse que, mesmo depois de ter conseguido conversar com seus parentes que moram em Cabul, ele está preocupado com a segurança deles no local.

“Eles estão juntos, em casa, em segurança, mas contaram que nada funciona lá, tudo fechado, aeroporto com aglomeração e voos cancelados, não tem polícia, não tem governo, até nossa bandeira, eles tiraram e colocaram outra no lugar. Me preocupo com eles, apesar de saber que, por enquanto, estão bem”, contou.

 

Sayed na faculdade de engenharia no Afeganistão, em 2013 — Foto: Arquivo pessoal

Sayed na faculdade de engenharia no Afeganistão, em 2013 — Foto: Arquivo pessoal

Sayed disse que a família ainda não pensa em sair de lá para vir para o Brasil. “Ainda é muito complicado para eles saírem de lá”.

Os pais, o irmão, sobrinhos e uma cunhada de Sayed moram em São Paulo desde 2009. “Meu irmão estava correndo perigo em Cabul e por isso saíram de lá”, disse o engenheiro, sem dar detalhes.

Ele se formou e se casou no Afeganistão. Devido às dificuldades em conseguir um emprego “melhor”, ele e a esposa decidiram vir para o Brasil para estudar e tentar “mudar de vida”.

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“Lá eu trabalhava na construção dos projetos que militares dos Estados Unidos estavam fazendo para militares do Afeganistão, as coisas estavam difíceis e, quando cheguei no Brasil, comecei a trabalhar até como camelô“, contou.

Sayed conseguiu a naturalização brasileira em 2019. Atualmente, ele trabalha como autônomo e mora com a esposa e o filho, que nasceu no Brasil.

“Minha vida está melhorando aqui e estou muito feliz. Desejo paz no Afeganistão, não importa quem fique no governo, queremos paz, eles sofrem há 50 anos, que a situação melhore por lá”, deseja Sayed.

 

Sayed e amigos em Cabul, no Afeganistão. — Foto: Arquivo pessoal

Sayed e amigos em Cabul, no Afeganistão. — Foto: Arquivo pessoal

Fonte: G1 Mundo