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Rainha da Portela, Bianca Monteiro fala sobre a perda de parentes e amigos na pandemia

A rainha de bateria da Portela, Bianca Monteiro, tem uma trajetória na pandemia parecida com a de muitos brasileiros: perdeu familiares, amigos e sofreu com as notícias de mortes.

“Uma tia morreu no começo da pandemia, em dezembro, e outra com um câncer. Com a pandemia os hospitais não tinham como atender ambulatório e foi bem corrido. Eu perdi vários amigos, perdemos muitos portelenses, alguns muito novos”, disse Bianca.

 

Em entrevista ao g1, ela defende um retorno à Sapucaí cauteloso e com os cuidados necessários, para que o carnaval possa voltar a acontecer sem problemas no Rio. Mesmo com os percalços, faz questão de manter um sorriso no rosto.

“Isso mexe muito com a gente. Estar aqui hoje é algo que me deixa arrepiada. É muito difícil. A gente sorri, mas o coração ainda está um pouquinho dolorido com tudo isso”, afirmou a rainha de bateria.

 

Bianca Monteiro, rainha de bateria da Portela, retomou a rotina de exercícios com foco no carnaval — Foto: Cristina Boeckel/ g1

Bianca Monteiro, rainha de bateria da Portela, retomou a rotina de exercícios com foco no carnaval — Foto: Cristina Boeckel/ g1

‘Seleção do Samba’

 

Cria de Madureira, berço da Portela, Bianca voltou à Cidade do Samba pela primeira vez desde o começo da pandemia para a gravação do “Seleção do Samba“, programa exibido aos sábados na TV Globo, Globoplay e g1, após o “Altas Horas”.

O programa mostrou a escolha do samba-enredo das escolas do Grupo Especial, incluindo a azul e branca da Zona Norte do Rio (saiba mais).

Unidos da Tijuca, Portela e Grande Rio definem samba para 2022

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A Portela, dona de 22 títulos do carnaval carioca, escolheu a composição coletiva de Wanderley Monteiro, Vinicius Ferreiro, Rafael Gigante, Bira, Edmar Jr., Paulo Borges e André do Posto 7 entre as três concorrentes na final.

A escola vai apresentar o enredo “Igi Osè Baobá”, de autoria dos carnavalescos Renato Lage e Márcia Lage. A história e retratar a simbologia dos baobás, árvores gigantescas e milenares originárias da África.

Retomando a forma

 

Com a melhora nos índices de internação e mortes por Covid no Rio de Janeiro, Bianca prevê uma retomada cautelosa dentro de um cenário que conta com perdas econômicas, além das perdas causadas pela doença.

“Por mais que seja difícil falar isso, no meio de uma crise econômica muito grande, é preciso ter paciência e sabedoria. Além de ter amor ao próximo, ter amor a nossa vida”, disse Bianca.

 

Entre os desafios na expectativa da volta à avenida, ela retomou a busca por um melhor condicionamento físico para sambar de uma ponta a outra na Marquês de Sapucaí.

“Não está sendo fácil, é um dos meus desafios hoje retomar a dieta, muita coisa. Com a pandemia, é impossível ver a realidade com o grande número de mortes não se afetar de alguma forma. Uns emagreceram muito, outros engordaram muito. Então é difícil focar em uma dieta”, disse Bianca.

Retomando os cuidados, ela dá um prazo curto para voltar ao ritmo.

“Eu só preciso de três meses para ficar perfeita para o carnaval”, finalizou Bianca.

Ficha técnica:

Cores: azul e branco

Presidente: Luis Carlos Magalhães

Presidente de Honra: Monarco

Carnavalescos: Renato Lage e Marcia Lage

Diretor de Carnaval: Junior

Intérpretes: Gilsinho

Mestre de Bateria: Nilo Sergio

Rainha de Bateria: Bianca Monteiro

Enredo: “Igi Osè Baobá”

Compositores dos sambas finalistas:

Jorge do Batuke, Claudinho Oliveira, Allan Corrêa, Rodrigo Guerra, Márcio Carvalho, Leko 7 e Araguaci;

Samir Trindade, Elson Ramires, Neizinho do Cavaco, Paulo Lopita 77, Beto Rocha e Vaninha;

Wanderley Monteiro, Vinicius Ferreira, Rafael Gigante, Bira, Edmar Jr., Paulo Borges e André do Posto 7.

Veja a letra do samba vencedor:

“Prepara o terreiro, separa a Mucua

Apaoká baixou no xirê

Em nosso celeiro a gente cultua

Do mesmo preceito e saber

Raiz imponente da “primeira semente”

Nós temos muito em comum

O elo sagrado de Ayê e Orun

Casa pra se respeitar:

Meu Baobá!

Ôbatalá colofé

(Tem) batucada no Arê

Pra minha gente de fé

Ayeraye

Nessa mironga tem mão de Ofá

Põe Aluá no coité e Dandá

Saluba, Mamãe! Fiz do meu samba curimba

Mata minha sede de axé

Faz do meu Igi Osè, moringa

Quem tenta acorrentar o sentimento

“Esquece” que ser livre é fundamento

Matiz suburbano, herança de preto

Coragem no medo

Meu povo é resistência feito um “nó na madeira” do cajado de Oxalá

Força africana, vem nos orgulhar!

Azul e Banto

Aguerê e Alujá

Pra poeira levantar

de crioula é meu tambor

Iluayê na ginga do meu lugar

Portela é Baobá

No gongá do meu amor

(Tem gira pro meu amor)”.

Fonte: G1 – Carnaval 2022 no Rio de Janeiro