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Novo secretário pode causar racha na Polícia Civil do Tocantins; SSP opta pelo silêncio

Uma crise interna bate à porta da Polícia Civil do Tocantins. De um lado estão os delegados, e do outro, todas as demais categorias, como agentes, escrivães e peritos. O motivo: a proposta de um reajuste salarial que pode ser linear ou seletivo (percentual maior para determinados cargos).

O Sindicato dos Policiais Civis (Sinpol), defende reajuste linear e isonômico para todas as categorias e rejeitou o percentual de 5% proposto pelo Governo do Estado.

Já o Sindicato dos Delegados (Sindepol) é contrário à proposta do Sinpol e argumenta que o cargo de delegado possui maiores complexidades e responsabilidade em relação aos demais na estrutura da Polícia Civil. Portanto, os delegados fariam jus a um reajuste salarial maior.

Para o Sinpol, o reajuste seletivo vai aumentar ainda mais a disparidade salarial na Polícia Civil, pois, atualmente, o salário inicial de um delegado no Tocantins é de R$ 15 mil, enquanto o agente recebe o equivalente a 38,6% desse valor, ou seja, R$ 5,8 mil.

Pela proposta, o subsídio do delegado aumentaria para R$ 22,6 mil (reajuste de 50%) e o do agente para R$ 6,1 mil (5% de aumento), o equivalente a 27%.

O embate entre as categorias tem deixado os ânimos exaltados, sobretudo nas redes sociais, e um clima muito tenso dentro da própria Polícia Civil.

Os agentes, que atuam como investigadores, reclamam também que só a gratificação recebida por um delegado (cerca de R$ 5 mil) é praticamente maior do que o salário mensal da categoria.

SECRETÁRIO DA SEGURANÇA PÚBLICA

A polêmica já respingou no novo secretário da Segurança Pública, Wlademir Costa Oliveira, nomeado pelo governador interino Wanderlei Barbosa. Ele é delegado da Polícia Civil e, consequente, beneficiário do possível reajuste salarial de 50%. Por esse detalhe, os sindicatos e associações afirmam que o secretário tem demonstrado sua “preferência apenas pela categoria dos Delegados de Polícia”.

Em ofício redigido nesta segunda-feira (24), sete entidades representativas da Polícia Civil citam que o presidente do Sindepol, Bruno Souza Azevedo, foi lotado no Gabinete do Secretário no decorrer das negociações junto ao governo, na data do dia 17 de dezembro de 2021. “Fato [que] causa estranheza, já que é o representante classista dos delegados de polícia e afirmou não ser favorável a um reajuste linear e isonômico”, diz o ofício.

Segundo o documento, o secretário vem, reiteradamente, tratando de forma desigual os sindicatos dos Policiais Civis e Peritos em detrimento aos Sindicatos dos Delegados.

Diante do impasse, os sindicatos, federação e associações classistas decidiram que, a partir deste momento, não irão mais realizar tratativas com o secretário Wlademir Costa em relação ao Plano de Cargos, Carreiras e Subsídios (PCCS).

FALA POLÊMICA DO SECRETÁRIO

Uma recente declaração do secretário Wlademir Costa também gerou críticas entre agentes, escrivães e demais categorias. Durante uma reunião que foi gravada, o secretário disse que jamais admitirá que alguém que esteja em uma linha hierárquica assuma uma Subsecretaria da Segurança Pública, por exemplo.

“Jamais vou deixar a inversão da hierarquia na Polícia Civil. Teríamos sérios problemas”, disse o secretário.

SINDICÂNCIA

Toda essa polêmica já resultou na abertura de um procedimento na Corregedoria-Geral da Segurança Pública contra o policial Dalberto Silva Júnior, que é presidente da Associação dos Policiais Civis com Deficiência, Acidentados em Serviço e Portadores de Doenças Graves (Aprovida-PC).

Ele teria distribuído e-mail aos associados criticando a postura do secretário, que estaria agindo como “sindicalista de delegados insensíveis”, e sugeriu protocolar ofício no governo pedindo o seu afastamento do cargo.

O QUE DIZ A SSP?

A Secretaria de Estado da Segurança Pública foi procurada para comentar o assunto, mas preferiu manter o silêncio. Disse apenas que não irá se manifestar sobre o caso.

Fonte: AF Noticias