‘Não queremos sair daqui para a cidade’, diz cacique ao ver aldeia alagada no interior do TO
‘Não queremos sair daqui para a cidade’. Foi o que disse o cacique Wagner Krahô-kanela ao ver parte da aldeia alagada após fortes chuvas em Lagoa da Confusão. O indígena está preocupado com a situação das casas e da escola da comunidade. As famílias dizem que o local onde os alunos estudam está inundado poucos dias antes do início do ano letivo.
A aldeia Catàmjê fica entre os rios Formoso e Javaés, local conhecido como mata alagada, situada a 38 km de Lagoa da Confusão. A liderança explica que as famílias que vivem no local precisam de ajuda de instituições e autoridades.
“Continua aumentando as águas. Essa é a realidade da minha aldeia hoje. De uma casa para outra a gente vai por dentro d’água. Têm oito casas alagando e a gente pede apoio das autoridades. Estamos precisando de tenda pra montar a nossa escola, tenda para moradias provisórias. Precisamos de alimentação, barco, combustível”, disse o cacique.
Ele conta que idosos e crianças estão ainda mais vulneráveis.
“Não está fácil, mas a gente vai seguir firme e adiante. Não queremos sair daqui para a cidade. Eu me preocupo muito com as crianças, idosos, com toda a minha comunidade. Não está fácil aqui. Peço apoio para que a gente passa passar por essa situação, lamentou o cacique Wagner.
Leia também:
- Tocantins segue com pessoas desabrigadas por causa de enchentes em cinco cidades
- FOTOS: Indígenas abandonam aldeias e acampam em matagais com medo das enchentes
- VÍDEO: Indígenas perdem plantações após alagamentos em Tocantínia
- AL aprova decretos de calamidade pública relacionados à pandemia e enchentes
O medo dos indígenas é ver a situação se agravando, já que no Tocantins o período chuvoso costuma terminar depois do primeiro trimeste.
“Ainda tem fevereiro e março e a gente fica pensando como vai ser esses dois meses. As águas do rio Formoso só aumentam cada vez mais e o rio está jogando água para dentro da nossa aldeia. A gente pede ajuda das autoridades: Funai, Ministério da Justiça, Sesai, Seduc, Governo do Estado”, disse o líder da aldeia.
O g1 procurou as instituições citadas pelo cacique e aguarda os posicionamentos.
Crianças estão com medo de escola não abrir por causa de alagamentos — Foto: Divulgação/ Wagner Krahô-kanela
Conforme o levantamento divulgado pela Defesa Civil Estadual nesta quinta-feira (27), o Tocantins tem 258 pessoas em abrigos públicos por causa de fortes chuvas. O órgão disse que apesar de não haver desabrigados em Lagoa da Confusão, o município e os rios Formoso e Javaés estão sendo monitorados por causa das enchentes.
No fim de dezembro de 2021 indígenas da etnia Xerente abandonaram aldeias em Tocantínia e acamparam em matagais com medo das enchentes.
Ano letivo
Escola de crianças está alagada em Lagoa da Confusão — Foto: Divulgação/ Wagner Krahô-kanela
O ano letivo de 2022 na rede estadual está previsto para começar no dia 14 de fevereiro, no formato presencial. Inicialmente, as aulas começariam no dia 1º deste mesmo mês.
A Secretaria de Educação e Cultura (Seduc) disse que levou em consideração diversos fatores para o adiamento. Foram citados o avanço na transmissão da Covid-19 e da Influenza (H3N2) no estado e também as condições das estradas atingidas por enchentes, que prejudicam o transporte escolar rural.
A Secretaria da Educação disse que está em contato com a comunidade para que os alunos não fiquem prejudicados nesse ano letivo de 2022. Informou que eles estão buscando uma solução em conjunto para que isso seja feito de forma rápida e sem qualquer prejuízo.
Casas estão alagadas em aldeia no interior do Tocantins — Foto: Divulgação/ Wagner Krahô-kanela