Mulheres faixa preta em jiu-jitsu no Tocantins: treinador não vê motivos para polêmica
As mulheres estão cada vez mais presentes no jiu-jitsu no Tocantins, um esporte dominado tradicionalmente por homens. No último fim de semana, o portal AF Notícias noticiou que a atleta araguainense Jaciara Pereira, 43 anos, recebeu a faixa preta na modalidade e seria a primeira mulher no estado, informação repassada pela Prefeitura de Araguaína.
Contudo, muitos internautas comentaram que outra atleta tocantinense, Vânia Leite, já havia recebido a faixa preta no jiu-jitsu ainda em 2017, em Palmas.
Para esclarecer a polêmica, a reportagem entrou em contato tanto com a Prefeitura de Araguaína, que explicou a origem da informação, como também com o Professor Vanu (Evanuel Andrade), que treinou a atleta palmense.
“Polêmica desnecessária. A gente tem que dar ênfase ao que o jiu-jitsu traz de benefício para a pessoa e não quem pegou primeiro ou pegou depois”, afirmou o professor ao confirmar que a conquista de Vânia Leite foi mesmo em 2017.
“A Vânia pegou a faixa em 2017. Ela treina desde meados de 2004. Então foram mais de 10 anos. Ela pode contar a história dela de superação, o jiu-jitsu ajudou ela demais nessa caminhada”, disse o professor que a treinou.
CONQUISTAS DAS MULHERES
Longe de qualquer polêmica, Professor Vanu faz questão de destacar as conquistas das mulheres nos tatames. “Hoje em dia as mulheres estão ocupando mais os tatames, isso é o que a gente tem que ficar feliz. É saber que existe a quebra de paradigma e as mulheres estão chegando lá”, afirmou.
“Nós que somos do meio, ficamos felizes que tenham mais mulheres alcançando a faixa preta. E valorizar isso daí!”, disse. “Ficamos felizes em saber que a Jaciara chegou na faixa preta, servindo de exemplo para outras mulheres, servindo de empoderamento feminino”, completou.
“Nós só temos que parabenizar essas meninas, a Vânia, a Jaciara, que não é fácil, quem está dentro sabe. Tem treino, tem o papel de mãe, a gente tem que tirar o chapéu pra elas”, destacou.
O professor ainda explicou que no jiu-jitsu existem várias faixas, a começar pela branca e avançando para azul, roxa, marrom, preta. “Diferente das outras artes marciais, o jiu-jitsu ainda tem faixa depois da preta, até chegar na vermelha”, detalhou.
1º REGISTRO NA CONFEDERAÇÃO
Em nota, a Prefeitura de Araguaína informou que Jaciara Pereira é a primeira mulher do Tocantins a conquistar a graduação de faixa preta com inserção da diplomação a Confederação Brasileira de Jiu-Jitsu (CBJJ).
De acordo com a prefeitura, “o nome de Jaciara irá constar junto aos de outros atletas no quadro da instituição ao final do trâmite legal de federalização e poderá ser conferido pelo site https://cbjj.com.br/, clicando em “faixas pretas diplomados” no menu.
SOBRE CONFEDERAÇÃO
Prof. Vanu explicou que no jiu-jitsu há várias federações e confederações, mas que ele não segue esse sistema há muito tempo. “Pra mim isso pouco importa ou menos importa, porque o que vale é o estilo de vida, a convivência no tatame, dentro das academias, certo?”, comentou.
“Até porque no jiu-jitsu existem várias federações, inclusive várias confederações, então qual seria a certa? Qual é a que vale? Isso é o de menos. Hoje, o meu foco não é competição, o meu foco, repito, todos os benefícios que a luta traz para as pessoas, a competição é consequência. Aqueles que se identificam com a competição, começam a competir, a entrar nos campeonatos, é uma consequência do treino, adaptação no treino, mas não é o meu foco”, afirmou o professor de jiu-jitsu.
TRAJETÓRIA NO ESPORTE
Prof Vanu começou a ministrar aulas de artes marciais em 2000, em Porto Nacional, em seguida foi para Palmas, formando vários atletas desde então. “Todos os professores me conhecem, inclusive de Araguaína, o Arildo Andrade, o Roniedson, o Lúcio Milhomem; de Gurupi, o Ramai”, comentou.
“O jiu-jitsu está na minha vida há mais de 25 anos. Então só tenho coisa boa para falar sobre a arte marcial”, finalizou.