Guerra na Ucrânia: quem são os bilionários russos alvos de sanções globais
Os governos do Reino Unido, da União Europeia (UE) e dos Estados Unidos (EUA) responderam à invasão da Ucrânia pela Rússia com sanções devastadoras contra os empresários bilionários considerados parte do círculo íntimo de Vladimir Putin.
O presidente russo disse que as sanções são “semelhantes a uma declaração de guerra”.
Putin advertiu seus aliados por muitos anos que eles deveriam se proteger contra tais medidas, principalmente porque as relações com os EUA e países da UE azedaram após a anexação da Crimeia, em 2014.
Mas, enquanto alguns dos mais próximos seguiram seu conselho e mantiveram seus investimentos na Rússia, outros investiram em propriedades no exterior, e suas empresas permaneceram listadas em bolsas de valores estrangeiras.
Eles agora são alvo das penalidades econômicas mais abrangentes impostas na era moderna. Aqui está o que sabemos sobre alguns deles.
— Foto: BBC
SANCIONADO POR: EUA, UE, Reino Unido
Considerado um dos oligarcas favoritos de Putin, Alisher Usmanov também é um dos mais ricos, com uma fortuna estimada em US$ 17,6 bilhões (R$ 89 bilhões), segundo a Forbes.
Ex-esgrimista profissional, a UE o descreve como um empresário que ajuda o presidente a resolver seus problemas de negócios.
Nascido no Uzbequistão enquanto ainda fazia parte da União Soviética, ele dirige a USM Holdings, um grande conglomerado que envolve mineração e telecomunicações, incluindo a segunda maior rede móvel da Rússia, MegaFon.
A UE anunciou sanções contra ele em 28 de fevereiro, e os EUA e o Reino Unido seguiram o exemplo. Ele chamou as sanções de injustas e disse que todas as acusações contra ele são falsas.
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SANCIONADO POR: EUA
Quando o presidente Putin chegou ao poder, Oleg Deripaksa era imensamente rico, seu patrimônio chegando a cerca de US$ 28 bilhões (R$ 141,5 bilhões) – mas agora acredita-se que ele valha meros US$ 3 bilhões (R$ 15,2 bilhões).
Ele lutou para fazer fortuna na década de 1990, vencendo uma batalha feroz pela indústria do alumínio.
Os EUA disseram que ele estava envolvido em lavagem de dinheiro, suborno, extorsão e extorsão, e relataram alegações de que ele “ordenou o assassinato de um empresário e tinha ligações com um grupo do crime organizado russo”. Ele nega as acusações.
Ele foi bastante afetado na crise financeira de 2008 e precisava de Putin para se salvar. Em 2009, o presidente o humilhou ao sugerir publicamente que ele havia roubado uma caneta.
Desde então, ele parece ter se recuperado e foi descrito no relatório Mueller – uma investigação dos EUA sobre os esforços russos para interferir nas eleições presidenciais de 2016 – como “estreitamente alinhado” com o presidente.
Ele fundou uma empresa de energia e metais verdes, o En+ Group, listado na Bolsa de Valores de Londres, mas reduziu sua participação para menos de 50% quando foi alvo de sanções dos EUA em 2018.
Ao contrário de muitos oligarcas sancionados, Deripaska tem falado abertamente sobre sua visão sobre a guerra, indo às mídias sociais para pedir paz. “As negociações precisam começar o mais rápido possível!” ele escreveu.
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SANCIONADO POR: EUA E UE
As conexões de Igor Sechin com Putin são antigas e profundas, de acordo com a UE, que anunciou sanções contra ele em 28 de fevereiro.
Ele foi apontado como um dos conselheiros mais próximos de Putin, além de um amigo pessoal, e acredita-se que os dois estejam em contato diário.
Ele progrediu superando implacavelmente os oponentes – seu apelido na imprensa russa é Darth Vader.
Um documento vazado da embaixada dos EUA de 2008 o descreveu como “tão sombrio que se brinca que ele pode não existir e ser era uma espécie de mito urbano, um bicho-papão, inventado pelo Kremlin para incutir medo”.
Os EUA impuseram sanções a ele em 2014, que Sechin chamou de “totalmente injustificadas e ilegais”. O país anunciou novas sanções contra ele em 24 de fevereiro.
Sechin passou sua carreira alternando entre empregos na política e nos negócios, às vezes ocupando cargos de alto escalão em ambos ao mesmo tempo.
Quando Putin era primeiro-ministro, ele era vice-primeiro-ministro e, agora, dirige a gigante estatal de petróleo Rosneft.
Sechin trabalhou com Putin no gabinete do prefeito em São Petersburgo na década de 1990, e acredita-se que tenha estado no muito temido serviço de inteligência, a KGB, embora nunca tenha admitido isso abertamente.
Ninguém sabe quanto dinheiro Sechin tem, mas há poucos sinais de que ele tenha uma riqueza substancial no exterior que possa ser facilmente descoberta, um obstáculo para congelar seus bens.
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SANCIONADO POR: EUA
Alexey Miller é outro velho amigo de Putin.
Ele também construiu sua carreira com base em sua lealdade ao presidente, começando quando era vice de Putin no comitê de Relações Exteriores do gabinete do prefeito de São Petersburgo na década de 1990.
Ele dirige a imensamente poderosa empresa estatal de gás Gazprom desde 2001.
Alexey Miller, à direita, com Putin em fevereiro deste an — Foto: Alamy
Miller não foi sancionado após a anexação da Crimeia em 2014, mas, quando foi adicionado à lista nos EUA em 2018, disse estar orgulhoso.
“Não estar incluído na primeira lista… Eu até tive algumas dúvidas – talvez algo esteja errado? Mas finalmente estou incluído. Isso significa que estamos fazendo tudo certo”, disse ele.
Miller não parece ter ativos facilmente rastreáveis fora da Rússia, e não há informações sobre seu patrimônio líquido.
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SANCIONADOS POR: UE
A UE descreve Pyotr Aven (na foto, à esquerda) como um dos oligarcas mais próximos do presidente, e Mikhail Fridman como um facilitador do círculo íntimo de Putin.
Juntos, os dois homens criaram o Alfa-Bank, o maior banco privado da Rússia.
Aven se reunia com Putin no Kremlin cerca de quatro vezes por ano, dizendo que “entendeu que quaisquer sugestões ou críticas feitas por Putin durante essas reuniões eram diretrizes implícitas, e haveria consequências para Aven se ele não seguisse”.
Eles foram avisados por Putin em 2016 para proteger seus investimentos de futuras sanções.
Esta semana, o par se afastou do grupo LetterOne, com sede em Londres, fundado há quase dez anos, porque suas ações foram congeladas pelas sanções da UE em 28 de fevereiro.
Os dois empresários disseram que vão “contestar a base espúria e infundada para a imposição dessas sanções – vigorosamente e por todos os meios ao seu alcance”.
Fonte: G1 Mundo