Água consumida em 21 cidades do Tocantins tinha produtos químicos e radioativos; veja
Todos nós bebemos pequenas doses diárias de substâncias químicas e radioativas. São agrotóxicos e outros resíduos da indústria que se misturam aos rios e represas. Alguns especialistas defendem que não há risco se elas estiverem dentro do limite regulamentado. Outros argumentam que as doses aceitas no Brasil são permissivas, pois são bem mais altas que as da União Europeia.
Sobre um ponto não há dúvida: essas substâncias são prejudiciais à saúde quando estão acima do limite brasileiro. O consumo diário aumenta o risco de câncer, mutações genéticas, problemas hormonais, nos rins, fígado e no sistema nervoso – a depender do produto.
Dados inéditos levantados pela Repórter Brasil mostram que são esses os riscos oferecidos pela água que saiu da torneira de 763 cidades entre 2018 e 2020. Substâncias químicas e radioativas foram encontradas acima do limite em 1 de cada 4 municípios que fizeram os testes.
No Tocantins, 21 municípios apresentaram algum tipo de produto na água que pode causar danos à saúde da população. Araguaína é um destes municípios, onde foram detectadas duas substâncias com os maiores riscos de gerar doenças crônicas, como câncer, acima do limite de segurança na água: Atividade alfa total (Radioatividade) e Nitrato (como N) (Substâncias Inorgânicas). Veja a lista de cidades no final da matéria.
Com impacto silencioso, esses produtos têm dinâmica diferente das contaminações por bactérias, que provocam dor de barriga, diarreia e até surtos de cólera. Os sintomas das substâncias químicas e radioativas podem levar anos, mas, quando aparecem, são na forma de doenças graves. Estudos que associam esses produtos ao câncer, mutações genéticas e diversos outros problemas de saúde são carimbados pelos mais respeitados órgãos de saúde, como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e as agências regulatórias da União Europeia, Estados Unidos, Canadá e Austrália.
O nitrato, terceira substância que mais vezes excedeu o limite, é usado na fabricação de fertilizantes, conservantes de alimentos, explosivos e medicamentos. Ele é classificado como “provavelmente cancerígeno” pela OMS.
As informações podem ser consultadas por cidade no Mapa da Água.
SOBRE O ESTUDO
De acordo com o levantamento, a água tratada pode carregar agrotóxicos e outras substâncias químicas e radioativas que são perigosas para a saúde quando acima dos limites fixados pelo Ministério da Saúde. As informações são de testes feitos pelas empresas de abastecimento que foram enviados ao Sisagua, banco de dados do Ministério da Saúde.
O levantamento revela, ainda, que 1 em cada 4 cidades que fizeram testes encontraram substâncias acima do limite e o consumo diário aumenta o risco de câncer, mutações genéticas, problemas hormonais, nos rins, fígado e no sistema nervoso – a depender do produto.
Todas as substâncias químicas e radioativas listadas oferecem risco à saúde se estiverem acima da concentração máxima permitida pelo Ministério da Saúde. Elas foram detectadas ao menos uma vez na água que abastece este município entre 2018 e 2020.
Quando essas substâncias estão acima do limite, a água é considerada imprópria para o consumo. Nesses casos, as instituições de abastecimento deveriam informar a população sobre o problema, assim como sobre as medidas tomadas para resolvê-lo.
Os critérios para fixar os limites de segurança para cada substância na água são do Ministério da Saúde, assim como a lista de substâncias que devem ser testadas na água de 2 a 4 vezes por ano.
Os testes são feitos após o tratamento e a maioria dessas substâncias não pode ser removida por filtros ou fervendo a água.
O QUE DIZ A BRK
Em nota, a BRK informou que é responsável pelos serviços de água e esgoto em 47 municípios do Tocantins e que segue rigorosamente as diretrizes de potabilidade estabelecidas pelo Anexo XX da Portaria de Consolidação nº 5 de 2017, alterado pela Portaria GM/MS nº 888/2011 e Portaria GM/MS nº 2472/2021 do Ministério da Saúde.
Segundo a empresa, nas localidades atendidas existem programas de monitoramento da qualidade da água em atendimento a legislação, visando assegurar a qualidade da água tratada e distribuída à população. São realizadas, em média, mais de um milhão de análises anuais nos sistemas de abastecimento de água. A população pode acompanhar os resultados destas análises em relatórios que são disponibilizados no site da concessionária.
Veja quais são as 21 cidades do Tocantins que estão no MAPA e que tipo de produtos que cada uma delas possui.
- Almas – Nitrato (como N);
- Aragominas – Nitrato (como N);
- Araguaína – Atividade alfa total (Radioatividade), Nitrato (como N);
- Arapoema – Ácidos haloacéticos total;
- Aurora do Tocantins – Ácidos haloacéticos total, Trihalometanos Total;
- Chapada de Natividade – Arsênio, Urânio;
- Centenário – Cádmio;
- Colinas do Tocantins – Atividade alfa total (Radioatividade), Nitrato (como N);
- Conceição do Tocantins – Nitrato (como N);
- Couto Magalhães – Chumbo;
- Dianópolis – Ácidos haloacéticos total;
- Filadélfia – Nitrato (como N);
- Goiatins – Selênio (Substâncias Inorgânicas), Ácidos haloacéticos total;
- Itaporã – Ácidos haloacéticos total, Trihalometanos Total
- Natividade – Arsênio;
- Novo Acordo – Ácidos haloacéticos total;
- Novo Jardim – Ácidos haloacéticos total;
- Palmas – Ácidos haloacéticos total;
- São Valério – Arsênio
- Wanderlândia – Nitrato (como N)
- Xambioá – Ácidos haloacéticos total