“Pra manter discrição, pacientes com Aids fazem tratamento fora de suas cidades”
Hoje, Dia Mundial de Combate à Aids, AI uma série de reportagens especiais, entre elas, uma entrevista com a doutora Aleksandra Rossi, Clínica Geral que atua na área de Infectologia do Hospital de Doenças Tropicais (HDT) em Araguaína e fala sobre o tratamento e importância do diagnóstico de soro-positivos.
O diagnóstico
Doutora Aleksandra explica que todas as pessoas que fazem o exame para detectar se é portador ou não do vírus da Aids recebe um pré-atendimento e um pós-atendimento com uma equipe especializada que dá o suporte pisicológico na hora de receber o diagnóstico. “Não é fácil a pessoa descobrir que é portadora do vírus da Aids, por isso fazemos esse procedimento com todos”, diz a médica esclarecendo que hoje o maior problema em se descobrir que um paciente é soro-positivo está na demora deste em procurar fazer os exames e iniciar o tratamento.“Dependendo do paciente, a doença demora de três a cinco anos para surgir os primeiros sintomas, nesse caso o estado clínico já está avançado e os resultados no tratamento são bem complicados em comparação a alguém que busca o tratamento no início”.
A medicação retroviral
Os medicamentos, conhecidos como coquetel que é utilizado no tratamento do HIV/Aids, não são comercializados na rede privada e todos os pacientes os adquirem gratuitamente no Sistema Único de Saúde, em nossa farmácia hospitalar através do programa HIV/Aids. “O Brasil é o pais que mais evoluiu no tratamento da Aids, hoje nossos pacientes podem ter uma vida normal, eles são acompanhados através de uma consulta mensal ou bimensal onde recebem os remédios. A medicação retroviral consiste em três comprimidos diários tomados de 12 em 12 horas”, diz a profissional alertando que existem vários casos especialmente em Araguaína que abandonam o tratamento. “Quem vê cara não vê HIV, por isso é preciso se cuidar, porque muitas pessoas deixam de fazer o tratamento e possivelmente se tornam um risco, por exemplo, para com os que se relacionam sexualmente com elas”.
Preconceito
O medo de que amigos e até familiares descubram que uma pessoa é portadora do vírus da Aids, motiva vários pacientes a se deslocarem para outras cidades até mesmo fora do Estado para realizarem o tratamento. “A exemplo disso, em Araguaína atendemos pacientes do Sul do Maranhão, Pará e até Mato Grosso. Os pacientes residentes aqui e que tem uma condição melhor, fazem tratamento em Palmas, Goiânia e realizam consultas particulares em busca de uma maior discrição”.
Quando surgiram os primeiros casos de HIV no Brasil, as maiores vítimas eram os homossexuais, em virtude disto estas pessoas carregam o estigma de que estão muito mais expostas à doença “o que é uma inverdade já que hoje qualquer pessoa que se coloque em uma situação de risco poderá contrair o vírus, ninguém está imune à doença”.
Ao contrário do que pensa a maioria das pessoas, no último balanço feito em Araguaína por exemplo, foram detectados mais casos soro-positivos em heterossexuais do que em Homosexuais. Na Categoria de Exposição divulgada pela Secretaria Estadual de Saúde, aponta que em 2011 a prevalência de casos de Aids em heterossexual é de 23 enquanto de bissexual é de 2 e homossexual é de 7 casos diagnosticados.
Importância do tratamento
Ainda em entrevista, Drª Aleksandra explica que a Aids é considerada hoje uma doença crônica que quando tratada possibilita uma melhor qualidade de vida aos portadores. “Quanto mais rápido se inicia o tratamento, melhor será a resposta e menos efeitos o paciente vai ter futuramente, porque com o tempo as doenças oportunistas, associadas ao HIV se instalam no corpo e fica mais difícil combater o vírus e a pessoa adoece mais e morre mais rápido também”, diz a médica que completa “A Aids é uma doença crônica assim como o Diabetes a Hepatite, Hipertensão e precisa ser cuidada para não ter complicações. Se a pessoa faz o acompanhamento pode viver uma vida normal”
A importância de fazer o teste
Finalizando a entrevista, Drª Aleksandra ressalta que o exame de HIV deveria entrar como rotina em nossos exames:“Porque não sabemos quem está exposto ou não aos riscos. Hoje uma mulher casada pode ter a doença, o contrário também acontece assim como a primeira relação sexual. As pessoas tem muito medo de descobrir doenças, mas o problema não é descobrir a doença é sim não tratar, você pode ser um portador assintomático então é importante fazer o diagnóstico para que menos complicado seja o seu tratamento”, pontua.
(Portal O Norte)