Reunião do Copom nesta quarta-feira deve elevar juro básico pela 11ª vez consecutiva, prevê mercado
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne nesta quarta-feira (15) para definir a taxa básica de juros da economia.
A expectativa da maior parte dos economistas do mercado financeiro é que a Selic seja elevada em 0,5 ponto percentual, passando dos atuais 12,75% para 13,25% ao ano. A decisão sobre a Selic será anunciada após as 18h.
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Se confirmado, este será o décimo primeiro aumento seguido do juro, o que levará a taxa ao maior patamar desde dezembro de 2016, quando estava em 13,75% ao ano.
O novo aumento no juro básico da economia é esperado pelo mercado financeiro com base em indicações do próprio Banco Central.
No encontro anterior do Copom, em abril, o BC informou que promoveria nova alta, mas em menor intensidade do que a alta anterior (de 1 ponto percentual).
Inflação em alta
O objetivo da alta no juro é tentar conter o aumento da inflação. O IPCA — a inflação oficial do país — ficou em 0,47% em maio, com desaceleração na comparação com o mês anterior. Mesmo assim, acumulou um aumento de 11,73% em doze meses.
IPCA: inflação fica em 0,47% em maio e desacelera para 11,73% em 12 meses
No mês passado, foram as passagens aéreas e os remédios que exerceram maior pressão sobre a taxa, enquanto alimentos importantes na mesa dos brasileiros ajudaram a contê-la.
Em fevereiro, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, avaliou que a inflação brasileira deveria atingir seu pico entre abril e maio, começando a desacelerar nos meses seguintes.
Sistema de metas
Para calibrar o nível dos juros, o sistema adotado é o de metas de inflação. Quando a inflação está alta, o BC eleva a Selic. Quando as estimativas para a inflação estão em linha com as metas, o Banco Central reduz a Selic.
Em 2022, a meta central de inflação é de 3,5% e será oficialmente cumprida se o índice oscilar de 2% a 5%. O mercado financeiro e o BC, porém, já preveem a inflação de quase 8,89% em todo este ano. Se confirmado, será o segundo ano seguido de estouro da meta de inflação.
Neste momento, o BC já está ajustando a taxa Selic para atingir a meta de inflação do ano que vem, uma vez que as decisões sobre juros demoram de seis a 18 meses para terem impacto pleno na economia.
Para 2023, a meta de inflação foi fixada 3,25%, e será considerada formalmente cumprida se oscilar entre 1,75% e 4,75%.
Na semana retrasada, o mercado financeiro estimou que a inflação oficial somará 4,39%. A previsão, portanto, está acima da meta central, mas ainda dentro do intervalo de tolerância.
Consequências da alta dos juros
De acordo com especialistas, o aumento do juro básico da economia, para conter a inflação, tem vários reflexos na economia, entre os quais:
- aumento das taxas bancárias: a tendência é que novos aumentos também sejam repassados aos clientes. No ano passado, a elevação do juro bancário foi o maior em seis anos. Em fevereiro, a taxa média cobrada pelos bancos foi a maior em dois anos e meio.
- influência negativa no consumo da população e nos investimentos produtivos, impactando negativamente o Produto Interno Bruto (PIB), o emprego e a renda. Na semana retrasada, analistas projetaram uma expansão de 1,2% para este ano, contra um crescimento de 4,6% em 2021.
- despesa adicional com juros da dívida pública. No ano passado, com a elevação da Selic e da inflação, os gastos com juros foram os maiores em seis anos. E a expectativa de economistas é de que essa despesa deve bater recorde em 2022. As despesas com juros impactam a dívida pública, indicador olhado por investidores internacionais.
- aplicações em renda fixa, como no Tesouro Direto e em debêntures, passam a render mais. Em abril, o Tesouro Direto, programa de oferta de títulos públicos pela internet para pessoas físicas, registrou uma venda de R$ 3,1 bilhões e o numero de investidores ativos bateu recorde.
Fonte: G1 Economia