Corinthians vence o Chelsea e conquista o título Mundial de Clubes no Japão
Seis anos depois do Inter vencer o Barcelona, outro time sul-americano conseguiu derrotar um europeu e ficar com o título do Mundial de Clubes. O Corinthians venceu o Chelsea por 1 a 0 neste domingo, em Yokohama, e conquistou a taça da edição 2012. Paolo Guerrero marcou o gol da vitória, de cabeça, aos 24 minutos do segundo tempo.
Foi suado, à base de muita vontade e disposição tática, mas o time brasileiro foi melhor e mereceu o triunfo. O Chelsea tentou, mas não foi forte o suficiente para superar um Corinthians muito bem armado por Tite. Taticamente, não há o que contestar: o time brasileiro foi superior.
Primeiro tempo
Foi um primeiro tempo muito estudado, é verdade. O começo foi, de certa forma, nervoso e precavido para ambos os lados — mais ainda para os brasileiros. Porém, a etapa inicial reservou uma série de lances de gol em meio a um jogo pegado, marcado e de qualidade, com ótimas trocas de passes, lançamentos e contra-ataques que só não se transformaram em gols por dois motivos: a falta de pontaria corintiana e as brilhantes defesas de Cássio.
Se a primeira boa jogada ocorreu logo aos cinco minutos, com o Corinthians (uma bonita tabela entre Fábio Santos e Danilo na ponta esquerda não encontrou o pé esquerdo de Paulinho, na marca do pênalti, com precisão), a melhor das oportunidades, sem dúvidas, foi do Chelsea. Um escanteio na ponta direita achou Cahill duas vezes, na linha da pequena área. Na primeira, ele furou. Na segunda, empurrou a bola com força para uma brilhante e impressionante defesa de Cássio, no chão, em cima da linha.
Se do lado corintiano Jorge Henrique era uma formiguinha brecando os avanços de Ashley Cole e ajudando a reter o habilidoso meia-atacante belga Hazard, o técnico da equipe inglesa Rafa Benítez se deu conta de que o lado direito de ataque do Chelsea era o caminho. Às costas de Fábio Santos, colocou Moses, o que fez com que o Corinthians perdesse um pouco a facilidade do domínio no meio, preocupado com a cobertura naquele setor. Danilo, assim, ainda que pouco, teve de recuar.
Tocando bem a bola e aproveitando os vacilos do meio inglês, o Corinthians chegou com perigo pelo menos três vezes ao gol de Peter Cech nos primeiros 45 minutos. Aos 19, Paulinho arriscou um chute em que a bola saiu por cima; aos 28, Emerson Sheik aproveitou uma falha de Cahill (o passe de Guerreiro passou ao lado do zagueiro) e bateu forte, mas também por cima; aos 34, Paolo Guerreiro dominou dentro da grande área, girou e bateu cruzado. Do outro lado, Sheik bateu firme, no pé da trave.
Do lado do Chelsea, as tentativas ocorreram aos 33 e aos 37. Primeiro, Moses foi lançado e, já dentro da área, dominou, escolheu o canto — o esquerdo — e bateu. Cássio, de maneira espetacular, se esticou completamente para tocar de mão esquerda para escanteio. Depois, Fernando Torres recebeu belíssimo e longo lançamento de Lampard. Com categoria, ele dominou e, sem deixar cair, bateu firme. Cássio, preciso, uma vez mais, caiu para defender.
Segundo tempo
Se o primeiro tempo já havia sido um bom jogo, o segundo começou ainda mais enérgico, e equilibrado pelo menos nos 10 minutos iniciais. Chelsea e Corinthians fizeram de tudo para “matar” o jogo e explorar mais ainda os contra-ataques. Sem sucesso. Com isso, um Corinthians melhor postado em campo, tática e tecnicamente perfeito, começou a demonstrar a superioridade que o levaria ao título.
Ainda que aos oito minutos Hazard tenha sido lançado e batido forte para nova grande defesa de Cássio, foi o Corinthians quem assustou com mais veemência. O escanteio cobrado por Emerson Sheik teve a bola afastada por Cahill. Na sequência, Guerrero dominou e tocou para Paulinho arrematar para fora, mas muito perto do gol de Cech.
Tocando a bola, marcando em cima, com Jorge Henrique aberto na ponta direita e Danilo e Guerrero juntos ao volante Paulinho — sem dúvidas, um destaque a ser observado — se movimentado por todo o campo de ataque, o Corinthians chegou ao gol. Eram 24 minutos quando Paulinho costurou da direita para a esquerda e tocou para Danilo, que driblou para dentro e chutou em cima da zaga. A bola subiu e sobrou limpa para Guerrero. De cabeça, o atacante completou para o gol: 1 a 0.
A partir daí, o Corinthians seguiu em cima. Com o Chelsea obrigado a atacar, os jogadores viram os espaços se multiplicarem, mas não conseguiram encaixar um contra-ataque totalmente preciso. Do outro lado, o time inglês buscou o empate e ensaiou uma pressão, mas parou nas mãos de Cássio — eleito o melhor jogador da partida. Efetivamente, os londrinos pouco criaram. Muito devido a eficiente marcação corintiana.
Aos 40 minutos, a bola vinda de cobrança de lateral para a área sobrou limpa para Fernando Torres, cara a cara com o goleiro brasileiro, que se jogou para salvar. Aos 47, o mesmo Torres desviou, de cabeça, impedido, para o fundo do gol. O lance foi bem anulado pela arbitragem.
Merecido, suado, brigado, com competência e bom futebol. Assim pode ser descrito o título Mundial do Corinthians, que se consolidou aos 49 minutos da etapa final. Tite comanda um time extremamente eficiente, preciso, frio. Um time que foi melhor em uma partida digna de final.
FICHA TÉCNICA
Mundial de Clubes 2012 – Yokohama, Japão – 16 de dezembro de 2012, 8h30min
CORINTHIANS – 1
Cássio, Alessandro, Chicão, Paulo André e Fábio Santos; Ralf, Paulinho, Danilo, Jorge Henrique e Emerson Sheik (Wallace, 45’/2ºT); Guerrero (Martínez, 40’/2ºT). Técnico: Tite.
CHELSEA – 0
Petr Cech, Ivanovic (Azpilicueta, 37’/2T), Cahill, David Luiz e Ashley Cole; Ramires, Lampard, Moses (Oscar, 26’/2ºT), Hazard (Marín, 41’/2ºT) e Mata; Torres. Técnico: Rafa Benítez.
Gol: Guerrero (24’/2ºT)
Árbitro: Cuneyt Cakir, auxiliado por Bahattin Duran e Tarik Ongun (trio da Turquia)
Cartões amarelos: Jorge Henrique (Corinthians); David Luiz (Chelsea)
Cartão vermelho: Cahill
Público: 68.275 pessoas
Local: Nissan Stadium, em Yokohama, Japão