Mais de 100 pessoas perderam a vida em acidentes de trânsito no Tocantins em apenas três meses
A quantidade de óbitos e de pessoas sequeladas em decorrência de acidentes de trânsito em 2023 chama a atenção no Tocantins. Por isso, a Campanha Maio Amarelo deste ano busca mobilizar toda a sociedade para mudar o cenário atual e tem como tema ‘No trânsito, escolha a vida’.
Os dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) mostram que ocorreram 959 acidentes de trânsito no Tocantins nos três primeiros meses de 2023. Os agravos foram responsáveis pela morte de 101 pessoas. Do total de vítimas de acidentes, 715 homens e 244 mulheres. Sobre os óbitos, 41 são motociclistas, 33 outros, 12 pedestres, 10 ocupantes de automóveis e 5 ciclistas.
Os números são um alerta para o comportamento de motoristas e pedestres nas ruas e estradas de todo o Estado. Segundo a técnica de Doenças e Agravos Não Transmissíveis (DANT) da Secretaria de Estado da Saúde (SES-TO), Simone Gondim, “a Campanha Maio Amarelo é uma forma de conscientização para o trânsito, uma vez que todos somos responsáveis por ele. O Tocantins possui um índice alto de vítimas, com perfil de homens jovens com idade entre 20 a 29 anos. Por isso, é tão importante mobilizarmos e fazermos uma mudança geral sobre como estamos dirigindo e prevenindo acidentes”.
“A gente sabe que cerca de 80 a 90 por cento dos acidentes são evitáveis e a população pode ajudar para atingirmos essa redução com atitudes básicas no dia a dia, como diminuição da velocidade, fazendo ultrapassagens com segurança, revisando o veículo, principalmente antes de viagens, não falando no celular e respeitando, sempre respeitando”, acrescentou a técnica.
Para auxiliar na conscientização, a SES-TO tem feito um trabalho de sensibilização junto aos 139 municípios para que sejam desenvolvidas ações voltadas para a redução dos índices registrados neste ano.
José Souza foi atingido por um carro quando pilotava a moto a caminho do trabalho e foi acolhido no Hospital Geral de Palmas (HGP). “Parei na faixa de pedestre e o motorista de trás não viu que tinha gente passando. Bateu atrás de mim e quebrei a perna. Graças à Deus estou vivo e depois de passar mais de 15 dias internados, já estou em casa me recuperando”, contou.
A mobilização
O Movimento Maio Amarelo é mundial e teve início em 2011, quando a Organização das Nações Unidas (ONU) decretou a Década de Ação para Segurança no Trânsito. A proposta é chamar a atenção da sociedade para o alto índice de mortes e feridos no trânsito em todo o mundo.
A campanha usa a cor amarela em referência ao sinal de advertência no semáforo, que simboliza a atenção necessária para a causa.
Programa Vida no Trânsito
Para conscientizar a população, foi instituído, em 2010, pelo Ministério da Saúde (MS), o Programa Vida no Trânsito (PVT), dentro das diretrizes de uma ação global coordenada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
No Tocantins, o PVT existe nas cidades de Palmas e Araguaína e tem como foco a redução dos acidentes, no qual afeta diretamente no SUS e figuram entre as principais causas de mortes e internações hospitalares no Brasil, gerando altos custos para os cofres públicos.
Custos
Segundo o setor de custos da SES-TO, em média, as despesas com um paciente que apresenta várias fraturas, maioria dos acidentados de trânsito, ficam em torno de R$ 1.273,00 por dia de internação normal. Já na média e alta complexidade, como Unidade de Terapia Intensiva (UTI) chega a quase R$ 3.000,00 de gasto diário. Como os pacientes são politraumatizados, o tempo de internação é longo e os custos muito altos.
O tempo de internação é explicado pela enfermeira coordenadora da ortopedia, do Hospital Regional de Araguaína (HRA), Luciana Costa. “Alguns tipos de fratura recebidas na unidade necessitam de cuidados específicos, considerando o local, se é exposta ou fechada, condições clínicas do paciente, assim como condições de pele e evolução clínica do mesmo, para posteriormente realizar sua programação cirúrgica”, destacou, acrescentando que no primeiro trimestre de 2023, o Hospital Regional de Araguaína (HRA), realizou 420 cirurgias ortopédicas e destas, 306 pacientes relatam que sofreram algum tipo de fratura por acidente de trânsito, ou seja, 72.85%.