Pela 1ª vez, mulher indígena tocantinense assume coordenação da Funai; militar estava no cargo
O Diário Oficial da União trouxe nesta terça-feira (23/5) a nomeação de Rafaella Sandoval Coxini Karajá, do povo dessa etnia no Tocantins, para a Coordenação Técnica Local (CTL) da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), do município mato-grossense de São Félix do Araguaia, na divisa com o Tocantins.
Esta é a primeira vez que uma mulher indígena ocupa esta posição na CTL de São Félix do Araguaia. O ato assinado pela presidente da Funai, Joenia Wapichana, traz ainda a dispensa do militar Vicente de Paula Rodrigues de Lima, que ocupava o cargo desde 2020.
A coordenação abrange a região central e sul da Ilha do Bananal, com 17 aldeias e os municípios tocantinenses de Lagoa da Confusão e Formoso do Araguaia; as terras indígenas de São Domingos, no município de Luciara (MT), e as terras dos povos Kanela, do Araguaia, também em Mato Grosso.
Liderança
Reconhecida liderança indígena, Rafaella Karajá pertence ao povo Karajá e à aldeia Fontoura, na Ilha do Bananal. É bacharel em Direito pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e mestranda em Direito Agrário pela mesma instituição. É também pesquisadora sobre violência de gênero e violência contra a mulher indígena.
Atualmente residindo em Goiânia (GO), Rafaella informou que agora nomeada retornará para a cidade de São Félix do Araguaia.
“Essa é uma vitória de todo o povo Iny. Agradeço às lideranças, aos caciques Iny Mahadu e à Articulação dos Povos Indígenas do Tocantins (Arpit) por acreditarem no meu trabalho e terem batalhado para que esta nomeação acontecesse”, disse Rafaella, ao destacar que primeiramente irá se inteirar da situação da CTL se reunindo com servidoras e servidores, com caciques, demais lideranças, organizações de base; a Arpit, bem como o Indtins “para juntos fazerem um bom trabalho”.
Pluralidade
O presidente do Indtins, Paulo Ixati Karajá, destaca a importância da nomeação. “Precisamos de mais lideranças indígenas nas chefias da Funai, em especial das mulheres, que estão ainda em menor número em qualquer espaço de poder. A presença de Rafaella Karajá nesse espaço significa a ampliação da pluralidade de vozes e de pensamentos que a sociedade brasileira tanto precisa”, disse.