Casos de empresário, professor, Luxúria e Dad Charada: 2023, um ano desafiador para a polícia
O ano de 2023 entrou para história da segurança pública como um dos mais desafiadores para as forças de segurança tocantinenses, especialmente na capital Palmas, que vivenciou no primeiro semestre, um aumento expressivo no número de homicídios, saindo de 30 casos registrados de janeiro a junho de 2022, para 89 no mesmo período deste ano.
Em contrapartida, os números de prisões, inquéritos concluídos e indiciamentos realizados pela equipe da 1ª Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa de Palmas (DHPP – Palmas) também foram expressivos. Ao todo foram 167 inquéritos instaurados, só no ano de 2023; 128 inquéritos concluídos, dos quais 91 com autoria definida; 125 indiciamentos; e 90 prisões.
“Foi um aumento bastante expressivo nesse tipo de crime, mas conseguimos frear esse avanço e reduzir os números. Graças ao trabalho da Polícia Civil, em especial do serviço de inteligência e da equipe da DHPP Palmas que não mediram esforços para a redução desses números. Importante destacar também a parceria com as demais forças de segurança, pois de forma conjunta, adotamos as medidas necessárias e alcançamos bons resultados, o que demonstra que a sociedade tocantinense pode contar com as forças de segurança para a manutenção de uma cultura de paz”, destaca o secretário da Segurança Pública do Tocantins, Wlademir Mota Oliveira.
O delegado Guilherme Torres, titular da DHPP, afirmou que sem dúvida foi um ano desafiador para a divisão especializada, mas que o empenho da equipe foi o diferencial para obtenção de êxito. “A cada prisão, as equipes se empenhavam em entender o que estava acontecendo, montando o quebra cabeça, fazendo as diligências necessárias para elucidar cada caso e dar respostas às famílias das vítimas e à sociedade. O resultado desse esforço veio e chegamos ao final do ano com a certeza do dever cumprido”, ressalta.
Retrospectiva
O aumento no número de homicídios foi provocado pela disputa de poder entre as duas principais organizações criminosas com ramificações em todo o país, sendo responsável por 70% dos casos, conforme apurado durante as investigações.
As investigações apontaram que, após ser expulso de uma organização paulista com ramificações no Tocantins, Carlos Augusto Silva Fraga, o Dad Charada, foi cooptado por W.O.C., o Luxúria, líder da ramificação tocantinense de uma facção carioca, para então fazer parte dessa organização. Ao ser aceito na facção rival, Dad Charada recebeu a missão de Luxúria para “abater” as lideranças de sua antiga organização.
A deflagração da Operação Gotham City resultou na prisão de Dad Charada, no dia 12 de julho. Desde então, a queda nos números de homicídios foi vertiginosa na Capital. Em julho foram registradas três mortes; em agosto duas. Já nos meses de setembro e outubro foram cinco mortes em cada; novembro duas e dezembro, uma morte.
Já o líder Luxúria foi preso pelas equipes do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar do Mato Grosso (Bope/PM-MT) com a ajuda da PM do Tocantins, em razão de sua participação em um assalto na cidade de Cametá (PA), na modalidade novo cangaço. Ele estava recolhido no presídio de Mata Grande, em Rondonópolis (MT), desde o dia 30 de agosto, mas no dia 23 de novembro foi recambiado para o Tocantins, onde, em desdobramento da Gotham City, já foi dado cumprimento a dois mandados de prisão por crimes de homicídios ocorridos este ano, nos quais Luxúria é apontado como mandantes.
“Temos provas contundentes de que o Luxúria é o mandante de vários outros crimes de homicídio ocorridos no primeiro semestre deste ano na Capital, neste contexto de disputa de poder entre as duas principais facções do país”, ressalta o delegado Eduardo Menezes.
Outras prisões
Dentre as 90 prisões realizadas pela DHPP este ano destacam-se a dos autores do homicídio de Nilton Alcântara Neves, empresário do ramo de postos de combustíveis, morto em 25 de janeiro de 2022, na Capital. Após um longo trabalho investigativo, a equipe da 1ª DHPP identificou, localizou e prendeu, no dia 14 de fevereiro, os autores do crime, no estado do Mato Grosso, de onde são oriundos.
Os crimes de homicídios por vezes são complexos e as investigações demandam tempo até a completa elucidação. Mas em alguns casos, dependendo do relato preciso de testemunhas e demais provas coletadas na cena do crime, somadas ao empenho da equipe investigativa, a resposta vem mais rápido.
Um bom exemplo é o caso do assassinato do professor Carlos Henrique de Sousa Luz, ocorrido no dia 24 de abril deste ano, na região sul da capital. Quatro dias depois, o autor do crime foi preso, enquanto trabalhava em uma obra no centro da Capital.
“Desde o dia em que o corpo do professor Carlos foi localizado com mais de trinta ferimentos provocados por faca, a Polícia Civil deu início às investigações e não mediu esforços para identificar o autor e também esclarecer a motivação para esse crime bárbaro que chocou a população de Palmas, pela crueldade”, relembra o delegado responsável pelo caso, Israel Andrade. Assim que foi preso, o indivíduo, de 30 anos, confessou ter matado o professor.