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Discursos vazios na política tocantinense: inovar na receita ou só repetir o pão mofado de sempre?

Nas ruas das maiores cidades tocantinenses, Palmas, Araguaína, Gurupi, Porto Nacional e Paraíso do Tocantins, e também em boa parte dos municípios pequenos, há um murmúrio crescente entre os cidadãos. Uma lamúria de cansaço (aff!). Um cansaço dos discursos políticos enfadonhos, vazios e pré-fabricados, cuidadosamente preparados pelas assessorias, que prometem, invariavelmente, “vamos trabalhar pela saúde, educação, infraestrutura, agricultura, meio ambiente, cultura, esporte, lazer, etc, etc, etc” e todas as outras zilhões de áreas que uma gestão deve trabalhar por obrigação.

Aos políticos atrasados, essa pode parecer a fórmula ideal que os cidadãos desejam ouvir, mas não passa de uma receita de pão mofado.

Assistindo na noite desta quarta-feira (14/0) uma propaganda eleitoral com um político de alta patente no Estado, repetindo o mesmo discurso genérico que eu ouvia há 10 anos, é desencantador. Não tem edição que salva! Será que eles sabem o valor – e alcance – de 30 segundos em horário nobre somente na “vênus platinada”? Acho que se soubessem caprichariam mais.

É como se estivéssemos presos em um loop infinito, ouvindo as mesmas promessas vazias eleição após eleição. Pode parecer que é de forma tímida, mas o povo está despertando para a realidade de que simplesmente repetir essas palavras não é suficiente para inspirar confiança – e muito menos esperança.

Mas, como sempre, sabemos que o poder da máquinas pública é forte, assim como todo o aparato estatal que a acompanha. No Tocantins, não é incomum ver uma campanha fracassar devido à incapacidade de um candidato em decolar por insistir receitas velhas, em novos cenários que já se apresentavam.

Podemos lembrar da derrota de Marcelo Lelis em 2012, apesar de seu palanque pesado na época, para Carlos Amastha. Nas eleições de 2012 e 2016 em Araguaína, Ronaldo Dimas se destacou, entre outros pontos, por sua abordagem mais objetiva e técnica, e menos populista na gestão municipal. Joaquim Maia, eleito em 2016, foi preferido em relação ao ex-prefeito de Porto Nacional por três mandatos, Otoniel Andrade. Posteriormente, ainda em Porto, a escolha por mudança persistiu, quando a maioria da população optou pelo “novo” nome de Ronivon Maciel em vez de Otoniel ou Joaquim. O cenário se estende ainda a Paraíso, onde um dos gestores mais jovens entre as maiores cidades do estado foi eleito: Celso Morais, que já é pré-candidato à reeleição.

Dito isso, digo mais: os políticos mais antigos do Estado enfrentam uma grande dificuldade em compreender que os tempos mudaram. Assim como os eleitores estão mudando, evoluindo em suas mentalidades e demandas. Aqueles que não se adaptarem a essa mudança inevitável, correm o risco de ficar para trás comendo seu velho pão mofado.

A política é como uma grande feira, onde é necessário vender o seu produto, no caso o próprio político. Se esse produto não é tão atrativo, é preciso um marketing mais do que excepcional para que ele possa ser vendido. E quanto menos esses políticos mudarem, mais dinheiro precisarão investir em um marketing mais robusto – e consequentemente mais caro – para vender um produto que se torna cada vez mais difícil de ser aceito.

É importante ressaltar que a dinâmica das campanhas eleitorais proporcionais (vereadores e deputados) é completamente diferente das majoritárias (prefeitos, governadores e senadores). Neste cenário, a personalidade do candidato, sua capacidade de se conectar, inspirar e motivar o eleitorado no dia a dia eleitoral é mais essencial na campanha. A política tocantinense, ou melhor, muitos políticos do Estado precisam evoluir para além dos discursos prontos e abraçar a autenticidade, a inovação como pilares para (re)conquistar o eleitorado.

“Já tá passando da hora” de deixar para trás os discursos ensaiados e abraçar uma abordagem mais genuína e conectada com as necessidades reais da população. Somente através da mudança e da adaptação é que muitos políticos do Tocantins poderão realmente se conectar com o eleitorado e conquistar a confiança necessária para liderar com eficácia.

Dica bônus para temperar seu discurso: no final, o “pela melhoria na qualidade de vida da nossa gente” é como o sal a mais na receita – totalmente dispensável.

Fonte: AF Noticias