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Eduardo prefeito: a vitória da tradição sobre a impetuosidade

A voz das urnas deste inédito segundo turno revelou que Palmas, a capital do Tocantins, tem eleitores que se guiam pelo momento político, analisam candidatos e decidem pelo que consideram melhor para o futuro da cidade.

Enquanto o Brasil tem capitais e estados que costumam se manter fiéis a partidos e suas ideologias até que estes deixem de corresponder às necessidades (vide o Ceará, com a família Gomes; o Maranhão com os Sarney; São Paulo, com sua alternância entre PT e PSDB e Rio Grande do Sul, que depois de décadas com o PT hoje respira PSDB), o eleitorado de Palmas se mostrou mais dinâmico, já tendo passado por prefeituras do PFL, PPB, PT, PP, PSB e PSDB e, agora, do Podemos, de Eduardo Siqueira Campos.

O primeiro turno em Palmas foi marcado pelo favoritismo absoluto da deputada estadual Janad Valcari, do PL, que parecia não ter o que contivesse sua escalada política meteórica, saindo da Câmara Municipal para a Assembleia Legislativa, sempre como a mais bem-votada, sem nem precisar dos quatro anos de mandato como vereadora para aparecer como líder em todas as pesquisas de intenção de voto, da primeira à última, divulgada à véspera do dia seis de outubro.

A questão foi que nenhum instituto de pesquisa foi capaz de captar ou fazer uma análise correta do que se passava pela cabeça do eleitorado palmense. Nenhum chegou perto da divisão dos votos entre Janad Valcari, Eduardo Siqueira Campos e Júnior Geo que levou a sucessão de Palmas ao inédito segundo turno do – já histórico – dia 27 de outubro de 2024, e à consequente polarização entre a impetuosa Janad e o estrategista Eduardo.

“Siqueirismo”

Uma caminhada que começou solitária, na sola do sapato, por vezes ridicularizada, ao ponto de alguns dizerem que nem partido teria para se lançar candidato.

A verdade é que em nenhum momento, seja por “certeza de vitória”, pelo apoio das maiores líderanças políticas do estado, seja por um simples erro de cálculo, a equipe de marketing de Janad Valcari colocou o “Siqueirsmo” como possível fator influenciador, muito menos decisivo nessa eleição.

A partir do momento em que o segundo turno foi confirmado, Eduardo Siqueira Campos, que não tinha nenhum apoio político de parlamentares ou lideranças da ativa, começou a receber adesões de nomes de peso do cenário político estadual que em algum momento estiveram ao lado ou foram apoiados e apadrinhados pelo saudoso ex-governador José Wilson Siqueira Campos, inclusive de parlamentares que exerciam funções no Governo do Estado e que desfizeram esse vínculo para entrar de corpo e alma na busca pelo voto.  Do vice-governador Laurez Moreira à toda família Vicentinho, passando por Raul Filho, o João Oliveira, César Hallum, Homero Barreto e muitos outros, os “siqueiristas” cercaram Eduardo de apoio real e contaram com o reforço de próceres como o ex-governador Moisés Avelino, um dos mais arraigados adversários de Siqueira Campos que, mesmo com a saúde debilitada, fez questão de participar, da forma que pode da campanha e emprestar seu prestígio a Eduardo.

Enfim, como diz meu amigo Edson Rodrigues, “eleição em Palmas não é para amadores”. Quem tinha mais bagagem política, mais “cancha”, tradição e, neste caso específico, mais humildade, venceu quem agiu baseado apenas na impetuosidade e no poderio econômico que em muitos momentos beiraram a arrogância.

Ecoa nos ouvidos dos palmenses a voz do eterno governador Siqueira Campos, num vídeo tão veiculado durante a campanha eleitoral, em que ele claramente o nomeia detentor do seu legado político e lhe imputa grande responsabilidade. “Você tá pronto para assumir novas responsabilidades e não falhará, não decepcionará, você vai estar à altura da confiança do povo”, vaticinou Siqueira. E o povo de Palmas confiou e lhe outorgou o mandato.

Que os novos quatro anos de administração de Eduardo Siqueira Campos nos façam lembrar dos bons tempos do início de Palmas, e que sua forma de gerir a nossa Capital tenha a mesma urgência em relação ao desenvolvimento e às obras estruturantes que fizeram da sua primeira gestão a que erigiu as bases para que Palmas se tornasse esta cidade que tanto nos orgulha.

Que Deus o abençoe e lhe dê sabedoria para conduzir nossa cidade.

 

“É, pois é. É isso aí”. (SWR)

 

Fonte: O Jornal