Jornal francês detona ‘Ainda Estou Aqui’ e classifica atuação de Fernanda Torres como monótona

O filme “Ainda Estou Aqui”, dirigido por Walter Salles, segue sendo um grande sucesso tanto no Brasil quanto internacionalmente, conquistando uma série de prêmios e elogios pela crítica especializada. A produção, que tem Fernanda Torres no papel principal como Eunice Paiva, recebeu destaque por sua representação emocional e pela atuação de Torres, aclamada como uma das mais intensas da sua carreira.

Críticas internacionais: severa avaliação do crítico francês

Apesar do sucesso, nem todos os críticos concordam com a recepção positiva da obra. O renomado crítico francês Jacques Mandelbaum, do jornal Le Monde, não poupou críticas ao filme. Mandelbaum destacou a “concentração melodramática” em torno de Eunice Paiva, o que, segundo ele, fez com que a produção tratasse o tema do totalitarismo de forma superficial. O crítico ainda foi mais severo ao avaliar a performance de Fernanda Torres, chamando-a de “monocórdica”, termo que sugere uma atuação sem variação, em tom excessivamente uniforme, o que para Mandelbaum comprometeria a complexidade emocional do filme.

Em sua análise, Mandelbaum comparou “Ainda Estou Aqui” com o filme “Aquarius”, estrelado por Sônia Braga, apontando que, ao contrário da personagem de Braga, Eunice Paiva é retratada quase como uma figura religiosa de sofrimento, o que, para ele, empobreceu a narrativa. O filme recebeu a nota mínima em uma escala de 1 a 4 no Le Monde, uma crítica que gerou polêmica entre os apreciadores do longa.

Sucesso no Brasil: elogios de publicações renomadas

No entanto, em solo brasileiro, a recepção de “Ainda Estou Aqui” é amplamente positiva. A revista Télérama deu ao filme a classificação “très bien” (muito bem), a segunda maior nota da publicação, reconhecendo a qualidade da obra. Já o Le Figaro, uma das publicações mais respeitadas da França, foi mais generoso com a atuação de Fernanda Torres, considerando-a “uma das maiores atrizes do mundo” e descrevendo o filme como “uma homenagem magnífica à figura de Eunice Paiva”.

Atração global e polêmicas em torno da obra

A disparidade nas opiniões sobre o filme reflete o impacto que “Ainda Estou Aqui” tem gerado em diferentes culturas e abordagens críticas. Enquanto o Brasil continua celebrando o sucesso da produção, com muitos considerando o trabalho de Walter Salles uma obra-prima moderna, a crítica internacional, especialmente na França, tem sido mais cautelosa e, em alguns casos, bastante negativa.

Em meio a essas divergências, “Ainda Estou Aqui” segue atraindo atenção, mantendo seu lugar de destaque tanto nas premiações quanto nas discussões cinematográficas ao redor do mundo.

Fonte: Correio Braziliense