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Alta de assassinatos em 1/3 dos estados no último trimestre do ano acende alerta, dizem especialistas

Apesar da queda histórica no número de assassinatos em 2019, a redução no último trimestre do ano foi bem menor que a registrada de janeiro a setembro. Após quedas superiores a 20% nos primeiros trimestres, o Brasil teve de outubro a dezembro uma diminuição de 11,8% nos crimes violentos.

Um terço dos estados teve uma alta de assassinatos no período, revertendo uma tendência observada no ano.

Para pesquisadores do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e do Núcleo de Estudos da Violência da USP, o dado acende um alerta para 2020.

Queda menor no último trimestre acende alerta — Foto: Wagner Magalhães/G1Queda menor no último trimestre acende alerta — Foto: Wagner Magalhães/G1

Queda menor no último trimestre acende alerta — Foto: Wagner Magalhães/G1

Santa Catarina, por exemplo, teve um aumento de 23,8% dos assassinatos em comparação com o último trimestre de 2018. Os outros estados que tiveram alta foram: Rondônia, Bahia, Sergipe, Espírito Santo, Amazonas, Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo.

Segundo Samira Bueno e Renato Sérgio de Lima, estes dados podem sinalizar “uma reversão de tendência que pode frustrar expectativas da população e colocar milhares de vidas em risco”.

“Mais do que nunca, a gente precisa de controle social, monitoramento e transparência para garantir que aqueles estados que estão fazendo um bom trabalho continuem fazendo e entender quais são os fatores envolvidos no incremento da violência em um terço das unidades da federação”, diz Samira Bueno, do FBSP. “Isso mostra que talvez nós não estejamos diante de uma tendência de redução dos homicídios, e sim um estancamento da crise iniciada em 2017.”

Bruno Paes Manso também lembra que, mesmo com a redução nacional, o número de vítimas de crimes violentos no Brasil segue “alto o suficiente para garantir ao Brasil o primeiro lugar no ranking dos países com maior número absoluto de mortes intencionais violentas do mundo”.

“Resta, portanto, a dúvida. A redução desses dois anos seria apenas uma queda circunstancial, resultado da acomodação momentânea da rivalidade no mercado de drogas? Ou os governos conseguirão passar a mensagem de que matar é um mau negócio, diminuindo a letalidade do crime e mantendo uma queda consistente? A resposta só virá nos próximos anos”, diz Bruno Paes Manso, do NEV-USP.

Para ele, a alta nos assassinatos no último trimestre em nove unidades da federação é um “alerta para os governadores, que devem ficar atentos para não perder o controle da situação”.

Queda no 4º trimestre é menor

Estado Mortes no 4º trimestre de 2018 Mortes no 4º trimestre de 2019 Variação (em %)
Santa Catarina 172 213 23.8
Rondônia 100 109 9.0
Bahia 1.287 1.349 4.8
Sergipe 215 225 4.7
Espírito Santo 263 275 4.6
Amazonas 273 285 4.4
Paraná 483 502 3.9
Mato Grosso do Sul 112 116 3.6
São Paulo 907 914 0.8
Pernambuco 939 906 -3.5
Alagoas 301 288 -4.3
Distrito Federal 125 119 -4.8
Acre 81 76 -6.2
Piauí 160 148 -7.5
Mato Grosso 251 231 -8.0
Rio de Janeiro 1.153 997 -13.5
Rio Grande do Norte 374 320 -14.4
Rio Grande do Sul 545 449 -17.6
Paraíba 302 238 -21.2
Tocantins 116 90 -22.4
Goiás 519 348 -32.9
Pará 943 628 -33.4
Amapá 98 64 -34.7
Minas Gerais 812 759 -6.5
Ceará 1.017 581 -42.9
Maranhão 414 384 -7.2
Roraima 101 30 -70.3
Brasil 12.063 10.644 -11.8
Fonte: G1 – Monitor da Violência