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Após dois dias úteis sem atendimento ao público, o Departamento Estadual de Trânsito do Tocantins (Detran) retornou parcialmente as atividades nesta segunda-feira (28), mas os transtornos para o cidadão continuam. O órgão informou que está atendendo nesta segunda somente os serviços referentes à Carteira Nacional de Habilitação (CNH). O horário de funcionamento é das 10 às 18 horas, mas as senhas estão sendo distribuídas somente até as 14h, segundo usuários. Já a entrega das CNHs deve iniciar somente em duas semanas, segundo o Detran. Raio Conforme o Detran, em razão dos raios registrados na Capital no dia 19 de janeiro, a central de energia da sede e equipamentos do órgão foram danificados, fato que comprometeu ainda mais o atendimento ao público. O órgão enfatizou que devido à descarga elétrica ainda não foi possível restabelecer todos os serviços ofertados. Segundo o Detran, técnicos estão trabalhando para resolver o problema, mas não deu prazo. Reclamação Bastante inconformado com a situação, João Batista Félix da Silva disse que a demora não é de hoje. “Em dezembro, mas precisamente no dia 14, eu e minha esposa iniciamos o processo de renovação das nossas CNHs no Detran de Araguaína, mas até essa data não recebemos o novo documento”, criticou. Segundo o morador, um servidor do órgão disse que o problema é por causa do atraso no pagamento para a empresa que imprime as carteiras. “O problema não é de hoje. Não começou com raio. Não estou sendo respeitado no meu direito de ir e vir, conforme prevê Constituição Federal. Eu estou precisando viajar para Goiânia, mas estou impedido por falta da CNH”, desabafou. Batista lembrou que o cidadão paga caro para ser atendido com ineficiência. “Não estamos sendo respeitados, por falta de uma gestão pública eficiente. Gostaria que o Estado resolvesse meu problema, assim como dos outros usuários também”, enfatizou. Cobrança de dívida No dia 30 de outubro do ano passado, cerca de 9 mil processos para renovação de CNH estavam parados em todo o Estado. Na época, a paralisação se deu em razão da empresa cobrar uma dívida de R$ 7 milhões com o Governo.

Uma fila é formada atrás de mesas de atendimento. Sentados atrás delas, estão contratados pela mineradora Vale. Um por um, os familiares de desaparecidos na tragédia de Brumadinho se apresentam a eles e dizem o nome de seus parentes. Os funcionários, então, checam em uma lista de papel os nomes de quem foi localizado e quem segue desaparecido.

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A poucos metros dali, uma fileira de enfermeiros está de prontidão. O trabalho ali é amparar quem recebe a notícia – ou se desespera com a ausência dela. Gente que desmaiou ou que a pressão foi às alturas por não encontrar o nome de seus companheiros e filhos como localizados.
Desde sábado (26), este é o procedimento para a divulgação de novas listas na Estação Conhecimento. O espaço é sede de um projeto social da Vale aberto à comunidade que foi transformado no principal ponto de assistência às famílias em Brumadinho.
A meta da empresa é divulgar uma nova lista ao longo do dia a cada seis horas, o que não acontece. No sábado (26), o atraso na atualização dos nomes fez com que a auxiliar administrativa Daniela Fernandes de Oliveira, de 38 anos, cobrasse aos gritos por informações.

“Estou cansada de horário. É 10h30, 11h, 12h, 12h30… Eu não estou esperando um resultado de concurso público, não! Se meu marido não tem valor para vocês, tem para mim! Ele é meu esposo, pai da minha filha, filho da minha sogra. Ele é um simples funcionário de vocês, substituível, mas para mim não é!”

Parente de vítima do desastre em Brumadinho se desespera com falta de informação
G1 MG
Parente de vítima do desastre em Brumadinho se desespera com falta de informação

Ela procura o marido, Reinaldo Simão de Oliveira, com que tem dois filhos. Quando se acalmou, disse que a atitude foi um desabafo.
Aos familiares que perguntam, os funcionários avisam que não têm controle da lista porque as informações vêm da Defesa Civil.

Roda de oração

Algumas vezes ao dia, os familiares dão as mãos em uma grande roda de oração. “Ave Marias”, “Pai Nossos” e cânticos evangélicos são entoados.
Célia Augusta de Paula, de 31 anos, aguarda notícias do marido, Wanderson Oliveira Valeriano, com quem tem três filhos. O caçula, Daniel, de 6 anos, interrompe a entrevista, animado diante da intensa e inédita movimentação de helicópteros.
“Mamãe, você não acredita! Meu primeiro voo. Vou fazer meu primeiro voo. O moço do helicóptero disse que vai me levar. “
A mãe sorri para o filho e diz baixo à equipe de reportagem: “Criança é bom que não entende [o que está acontecendo], né?”, diz Célia.





















Área externa do espaço — Foto: Paula Paiva Paulo/G1