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Atlas da Violência 2024 revela facções atuantes no Tocantins: Amigos do Estado, B13, CCA, PCC e CV

Anualmente, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) publica o Atlas da Violência com dados atualizados sobre a violência no Brasil. Em 2024, o estudo analisa a violência letal nos municípios sob diversos enquadramentos, como taxa de homicídios por 100 mil habitantes, por região e concentração em poucas cidades.

No Brasil, foram registrados 46.409 homicídios em 2022, ou 21,7 para cada 100 mil habitantes. Com a metodologia aplicada, foram encontrados 5.982 homicídios ocultos (inicialmente registrados como MVCI – Morte Violenta por Causa Indeterminada), totalizando 52.391 homicídios estimados. Estes números resultam em uma taxa de 24,5 homicídios estimados por 100 mil habitantes no país.

Dados sobre homicídios 

Para entender um pouco mais sobre a prevalência de homicídios, os municípios foram divididos em três grupos, com base no tamanho populacional: pequenos (até 100 mil habitantes); médios (entre 100 mil e 500 mil habitantes); e grandes (acima de 500 mil habitantes).

Entre os municípios de porte médio, a taxa foi de 26,2 homicídios estimados por 100 mil habitantes.

Em 2022, existiam 319 municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes, segundo o Censo de 2022. Neste ano, as taxas de homicídio variaram de 2,2 a 94,1, com média de 26,2. Desses, 33 municípios possuíam taxas acima de 49 mortes por 100 mil habitantes, o dobro da taxa nacional.

Na região Norte, o município de Altamira (PA) tem a 6ª maior taxa de homicídios entre os municípios com mais de 100 mil habitantes: 71,3 – o único município nortista entre os vinte mais violentos do Brasil.

Araguaína ficou em 61º lugar com 71 homicídios estimados e uma taxa de 41,4 homicídios por 100 mil habitantes.

Já a taxa de homicídios no Tocantins ficou em 30,1. O estado apresenta municípios pouco populosos, o que implica ressalvas na análise dos dados. Os municípios mais populosos tiveram taxas de homicídios estimados por cem mil habitantes próximas à do estado: Araguaína (41,4), Palmas (32,0) e Gurupi (31,7).

 

Capitais brasileiras

As taxas de homicídios nas capitais brasileiras em 2022 variaram entre 8,9 e 66,4 mortes por 100 mil habitantes, nos casos de Florianópolis (SC) e Salvador (BA), respectivamente.

Palmas ficou em 12º lugar com 97 homicídios estimados, uma taxa de 32 homicídios por 100 mil habitantes.

Facções atuantes no Tocantins

Além de dados sobre os homicídios, o estudo também mostra quais e onde atuam as organizações criminosas instaladas no país. No Tocantins, o PCC era a facção predominante em 2022.

Ainda que o estado não faça fronteira com nenhum outro país, sua localização no centro geográfico do Brasil forma um importante corredor interestadual para o escoamento de mercadorias ilícitas.

O município-foco para esse escoamento seria Porto Nacional (29,5), polo regional importante para acesso a algumas regiões do país. Com efeito, em 2022, em um período de duas semanas, quase duas toneladas de drogas foram apreendidas em rodovias de norte a sul do estado, cujos destinos seriam possivelmente os estados do Piauí e do Maranhão.

No mesmo ano, o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra no Tocantins (MST-TO) denunciou ataques e incêndios a acampamentos do grupo, com o fito de expulsar as famílias que aguardavam a regularização da terra pelo Incra e permitir a compra dessa terra por empresários do agronegócio.

As principais facções atuantes no Tocantins são o PCC, com forte influência dentro dos presídios; o Bonde dos 13 (B13); e o Comando Classe A (CCA). Há relatos também da presença de uma nova facção, a Amigos do Estado (ADEs), originária de Goiás, supostamente aliada ao PCC e inimiga do Comando Vermelho (CV), facção esta que teria sido responsável por conflitos violentos e execuções em decorrência da disputa pelo controle de territórios com o PCC.

Sobre o Atlas da Violência

O Atlas da Violência é elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Como nas edições anteriores, busca-se retratar a violência no Brasil, principalmente, a partir dos dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) do Ministério da Saúde. São informações sobre homicídios analisadas à luz da perspectiva de gênero, raça, faixa etária, entre outras.

Fonte: AF Noticias