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Bebê morre após esperar 30 dias por cirurgia

A20140922110041_crianca_doenca_graveApós uma espera de um mês por cirurgia, a bebê Ysabella Maria Pinheiro Reis, de quatro meses, morreu na madrugada deste sábado (20). Ela tinha uma doença rara, a cardiopatia congênita, que causa problemas na estrutura e na função do coração. Nesta sexta-feira (19), a criança havia sido transferida para um hospital de Goiânia, já que a cirurgia não é realizada no Tocantins. Mas, de acordo com a mãe, Luciane Reis dos Santos, 22 anos, a bebê teve uma parada cardíaca e não resistiu.“Eu estava na casa da minha irmã, quando recebi uma ligação às 4h deste sábado informando que a bebê tinha morrido. Ela estava bem, tranquilinha, mas passou mal à noite e teve uma parada cardíaca. Os médicos disseram que ficaram por mais de 1h tentando reanimá-la”, lamentou Luciane.

Por causa da demora em conseguir uma cirurgia para a filha, a mãe procurou o Ministério Público Estadual (MPE). O órgão disse que notificou a Sesau por duas vezes para que o Estado transferisse a bebê para  outra cidade.

Após duas decisões judiciais, o Estado conseguiu uma vaga em um hospital de Goiás e a bebê foi transferida por UTI aérea na sexta-feira (19). A mãe disse que estava esperançosa quanto à recuperação da filha, mas que a demora contribuiu para a morte de Ysabella. “Eles ficaram enrolando e quando conseguimos a vaga foi tarde demais. A demora contribuiu e muito para a morte dela. Por causa disso, ela não está mais aqui. Tentamos tanto, mas foi tarde demais”.

Luciane disse que a família está providenciando o transporte do corpo da criança para Pequizeiro, cidade a 274 km de Palmas, onde a família mora. O velório deve acontecer ainda neste sábado (20) na casa do pai de Luciane.

A Secretaria de Saúde do Tocantins disse, em nota, que o Estado não dispõe do serviço médico adequado para realizar a cirurgia, mas que “realizou todos os esforços na busca por vaga em hospitais públicos e privados para o tratamento da criança”. O órgão ainda lamentou a morte da bebê e acrescentou que no país há “poucos locais que fazem a cirurgia e tratamento nestes casos, poucos profissionais capacitados para tal procedimento e ainda há a necessidade de leitos em UTI”.

Entenda

Luciane e o marido souberam do problema da filha em julho deste ano. Na época, ela ficou internada no Hospital Infantil Público de Palmas. No dia 2 de agosto, foi levada para um hospital privado e no dia 28 conseguiu vaga na UTI do Hospital Geral de Palmas. Por causa da demora em conseguir vaga em um hospital em outro estado, a família procurou o Ministério Público Estadual.

O órgão disse que a justiça notificou o Estado por duas vezes. Na primeira, no dia 21 de agosto, o Estado descumpriu a decisão. Na segunda, no dia 15 de setembro, a justiça deu três dias para o Estado se manifestar a respeito do caso sob pena de ser responsabilizado criminalmente. A tranferência só aconteceu nesta sexta-feira.

Na última quarta-feira (17), a Sesau disse, em nota, que a bebê tinha sido cadastrada na Central Nacional de Regulação do Ministério da Saúde, mas que ela ainda não havia sido transferida por falta de vagas em outros hospitais.

 

(AF Notícias)