Bebê Sofia em tratamento nos EUA toma água na mamadeira pela 1ª vez
Pela primeira vez, em seis meses de vida, o bebê Sofia Gonçalves de Lacerda ingeriu água pela boca. A menina, que sempre se alimentou por nutrição parenteral, feita por sonda por uma via diferente da gastrointestinal, está internada há quase uma semana no Jackson Memorial Hospital, em Miami, nos Estados Unidos, onde vai passar por cirurgia.
De acordo com uma mensagem divulgada nesta quarta-feira (9) pela mãe da criança, na página da campanha “Ajude a Sofia”, em uma rede social, na internet, a criança tomou água pela primeira vez como um tipo de exercício que os médicos recomendam para estimulá-la a comer depois do transplante multivisceral que precisa e que deve ser realizado em seis meses.
“Fiquei tão emocionada, pois ela nunca tomou nada pela a boquinha. Mesmo sabendo que essa água especial sairá pela sonda gástrica, fico feliz em saber que ela conseguiu sugar. E logo com fé em Deus, ela poderá comer e tomar água sem que saia pela a sonda gástrica”, escreveu Patrícia de Lacerda. Na terça-feira (8), um vídeo foi divulgado da menina se divertindo com a mãe e um ursinho de pelúcia.
(Foto: Reprodução/ Campanha ‘Ajude a Sofia’)
Mobilização nacional
O drama de Sofia começou assim que a família descobriu a doença. Para sobreviver, a menina precisa de um transplante de seis órgãos (estômago, fígado, pâncreas, intestino delgado, intestino grosso e, provavelmente, um dos rins), que custa mais de R$ 2 milhões. Desde que nasceu ela já passou por três cirurgias, mas ainda necessita de atendimento especializado, que só é feito nos Estados Unidos.
Quando descobriu a doença, a família pediu ajuda financeira de todas as formas para conseguir uma viagem até os EUA. A campanha foi intitulada “Ajude a Sofia” e ganhou força nas redes sociais: quase 764 mil pessoas já curtiram e compartilharam a página, inclusive celebridades.
Desde que nasceu, no hospital da Universidade de Campinas (Unicamp), no interior de São Paulo, Sofia só tinha saído para ser transferida para o Hospital Samaritano, em Sorocaba, ou fazer os exames pedidos pela Justiça no Hospital das Clínicas de São Paulo (SP). O bebê nunca fez xixi ou cocô e só se alimenta por nutrição parenteral – quando uma solução manipulada pelo médico é aplicada diretamente na corrente sanguínea.
Após diversas questões judiciais, o desembargador do Tribunal Regional Federal (TRF) determinou a transferência da menina para o Hospital das Clínicas, em São Paulo, onde ela passaria por novos exames que confirmassem a síndrome de Berdon e a possibilidade de realizar o transplante no Brasil.
No entanto, a família recusou um novo procedimento cirúrgico, e médicos especialistas também atestaram que a tecnologia nacional não era avançada o suficiente para realizar o transplante com sucesso. Dessa forma, a menina foi novamente encaminhada para o Hospital Samaritano, de onde saiu para ser levada aos Estados Unidos.
Na madrugada de quarta-feira (2) finalmente Sofia, a mãe e uma equipe de profissionais do Ministério da Saúde embarcaram em um jatinho especial para os Estados Unidos. A partida de Sorocaba emocionou médicos e enfermeiros do hospital onde ela permaneceu internada e amigos da família. O pai de Sofia, Gilson Gonçalves da Silva, embarcou em um voo comercial.
A família aguarda a doação dos órgãos para o transplante, o que demora, em média, seis meses nos Estados Unidos. Depois da cirurgia, a criança permanecerá em tratamento por dois anos. De acordo com os médicos, a chance de êxito é de 85%. No começo, Sofia, pai e mãe ficarão hospedados na casa de um brasileiro que se ofereceu para ajudar. Ela também terá o acompanhamento de médicos e enfermeiros durante o dia e a noite.
O nome de registro de nascimento da criança é com “ph” (Sophia), mas, em virtude de a campanha de ajuda ter sido iniciada com “Sofia”, a própria família adotou essa grafia para evitar problemas com as doações.