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Carlinhos Cachoeira é solto e vai recorrer de sentença em liberdade

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A Justiça condenou o bicheiro Carlinhos Cachoeira a cinco anos de prisão. Entretanto, decidiu soltar Cachoeira para que ele possa recorrer da sentença em liberdade. Por volta da meia noite, ele saiu do presídio da Papuda, em Brasília, dentro de um carro. A viagem até Goiânia durou 2h30. O bicheiro dormiu na casa dele, com a mulher Andressa Mendonça. Na manhã desta quarta-feira (21), um entregador levou para o bicheiro uma cesta de café da manhã, encomendada por Andressa.

Cachoeira foi preso em Goiânia no dia 29 de fevereiro, pela operação Monte Carlos, da Polícia Federal. Em junho, ele conseguiu um habeas corpus nesse processo, mas continuou preso por causa de um segundo mandado de prisão: o da operação Saint Michel, que investigou a tentativa de fraude numa licitação para o serviço de transporte público em Brasília. Cachoeira foi considerado culpado e condenado ontem a cinco anos de prisão em regime semiaberto, mas irá recorrer em liberdade.

“Se no futuro vier a ser mantida a condenação, ai sim ele cumpriria a pena que lhe foi imposta em regime semiaberto. Ocorre que, como já cumpriu 1/6 da prisão imposta, ele não cumpriria pena em regime semiaberto, mas em regime aberto”, explica o advogado do bicheiro Nabor Bulhões.

Carlos Cachoeira agora vai aguardar outra sentença. Desta vez da Justiça Federal de Goiás, sobre a operação Monte Carlos. Neste processo ele é acusado de 17 crimes, entre eles formação de quadrilha. O Ministério Público Federal informou que somadas todas as penas, Cachoeira pode ser condenado, no mínimo, a 50 anos de prisão. A sentença deve sair na primeira semana de dezembro.

CPI do Cachoeira
A CPI do Cachoeira passou a manhã reunida em Brasília para discutir o relatório final da comissão. A leitura do relatório será feita amanhã (22), porque os parlamentares alegaram que o documento é muito extenso, com cerca de cinco mil páginas, e que, pelas normas internas do Congresso, eles deveriam ter pelo menos 24 horas para estudar o texto, antes que o relator lesse o documento na comissão.

Alguns integrantes da CPI também querem ouvir Carlinhos Cachoeira, agora que ele foi solto. As críticas ao relatório final dominaram a sessão desta quarta-feira. “É um instrumento de perseguição político-partidária. Nós estamos com mesquinharia – PT x PSDB”, diz o senador Pedro Taques, do PDT-MS.

“Esse trabalho chegou em um estágio que alguns achavam que ele não chegaria. O conteúdo dele é conhecido, foi debatido aqui. Certamente o relatório vai decepcionar alguns. Encontrar consenso para lidar com isso é muito difícil”, fala o senador Jorge Viana, do PT-AC.

Alguns parlamentares defendem a prorrogação da CPI. Eles dizem que até agora a comissão não conseguiu investigar nada além do que já tinha sido descoberto pela Polícia Federal e pelo Ministério Público.

O relator, deputado Odair Cunha, disse que está disposto a alterar trechos, seguindo sugestões de outros parlamentares. Da forma como está até agora, o documento sugere o indiciamento do governador de Goiás, do prefeito de Palmas e do dono da construtora Delta.

Relatório
O relatório diz que Marconi Perillo, governador de Goiás, cometeu seis crimes, entre eles corrupção, fraude em licitação e formação de quadrilha. Ontem, o Jornal Nacional antecipou trechos do relatório final.

Segundo o documento, a quadrilha se infiltrou no governo de Goiás e há indícios de pagamentos feitos ao governador. Para Perillo, o relatório é resultado de uma disputa política. “Eu estou muito tranquilo em relação ao resultado final. O que algumas pessoas querem nesse momento é tentar politizar e prejudicar algumas pessoas por serem adversárias”, diz o governador.

O relator alega que não encontrou motivos para pedir o indiciamento do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, do PT, apesar das denúncias de favorecimento à quadrilha do bicheiro em contratos de coleta de lixo e de bilhetagem eletrônica do transporte coletivo.

Em relação à construtora Delta, suspeita de repassar R$ 90 milhões para empresas fantasmas de Cachoeira, o relatório recomendou o indiciamento do ex-presidente da empresa, Fernando Cavendish, e do ex-diretor, Cláudio Abreu.

O relatório pede ainda o indiciamento do ex-senador do Democratas, Demóstenes Torres, que teve o mandato cassado; do deputado Carlos Alberto Leréia, do PSDB-GO; e do prefeito de Palmas, Raul Filho, do PT.

O relator quer também que o Conselho Nacional do Ministério Público investigue a conduta do procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Segundo o deputado Odair Cunha, em 2009, Gurgel suspendeu a investigação da operação Vegas, da Polícia Federal, que apontou indícios de ligações de Cachoeira com políticos e empresários.

O procurador Roberto Gurgel não quis falar sobre o assunto. Entretanto, em maio, ele explicou à CPI que não encaminhou as denúncias da operação Vegas porque detectou apenas desvios no campo ético, insuficientes, segundo ele, para a abertura de ação penal no Supremo Tribunal Federal.

(JornalHoje)