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Cirurgiões de Gurupi vão parar na segunda; médicos reclamam de falta de condições para trabalhar e de pagamento de horas extras

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Os médicos cirurgiões do Hospital Regional Público de Gurupi (HRPG) vão paralisar suas atividades na segunda-feira, 18. De acordo com o diretor clínico do HRPG, Francisco Assis Macedo, os médicos estão se sentindo “usurpados” de seus direitos. “O governo acha que nós só temos obrigação. Se coisa caminhar do jeito que está, vai parar todo mundo”, avisou.

O médico ainda disparou: “A saúde desse Estado já funcionou muito bem antes, por que agora não? Se querem terceirizar é porque tem dinheiro. A iniciativa privada só vai para onde tem dinheiro”.

De acordo com o diretor, “falta de tudo” no hospital, desde comida a materiais essenciais para a realização de cirurgias deslicadas, além da falta de pagamentos das gratificações de Pronto Socorro e UTI, das Autorizações de Internação Hospitalar (AIH) e plantões extras dos profissionais da unidade. “O próprio MPE [Ministério Público Estadual] denunciou a falta de mais de 50 tipos de medicamentos no hospital e o governo está dizendo que não falta nada e que está tudo OK. Aqui só tem arroz, feijão, farofa e ovo para comer. E a tendência é só piorar”, desabafou.

Conforme o diretor, nos últimos anos o número de atendimentos no hospital dobrou porque, conforme ele, o HRPG atende, além da região sul do Tocantins, parte de Mato Grosso. “A demanda aumentou e o número de médicos diminuiu. Nós estamos lutando para fazer a nossa parte, mas o governo não está fazendo a parte dele”, frisou.

Questionado sobre as críticas feitas pelo governador Siqueira Campos (PSDB) à classe médica, nas quais Siqueira afirma que os médicos estariam fazendo montagens sobre a falta de leitos nos hospitais para divulgar à imprensa, Macedo se mostrou indignado: “Nós que construímos esse Estado. Levamos o Estado nas costas e estamos sendo tratados como malandros. O governo quer jogar a sociedade contra os médicos, para não assumir erros na saúde. Não tem coisa pior que um má relação médico-paciente”, afirmou o médico, acrescentando que às vezes o atendimento ao paciente menos grave é demorado por causa da falta de profissionais e da superlotação do hospital.

Após o anúncio do secretário de Estado da Saúde, Nicolau Esteves, sobre a terceirização das UTIs do Estado, o médico afirmou que é contra qualquer tipo de terceirização na saúde. “Nenhumas das experiências deu certo e não é agora que vai dar. Saúde pública tem que ser tratada pelo Estado. Não vemos solução em terceirizar. O Estado tem que assumir o que é obrigação dele e chama classe da saúde para sentar e procurar uma solução para o problema”, recomendou.

(CleberToledo)