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Com “Autênticos” e aliados de outros partidos, Marcelo Miranda recebe Kátia Abreu no PMDB

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O ex-governador Marcelo Miranda (PMDB) abriu as portas de sua casa no início da noite desta quinta-feira, 3, para juntamente com seu grupo – os “Autênticos” – dar as boas vindas à senadora e presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Kátia Abreu. Ela se desfilou do PSD e aguarda o cumprimento do prazo de 48 horas para se filiar ao PMDB.

O ato estava marcado para ser realizado num hotel da capital, porém, de última hora, as lideranças políticas e imprensa já presentes foram informados para se dirigirem à residência do ex-governador.

Além dos membros do grupo de Marcelo no PMDB, compareceram para apoiar a senadora outros peemedebistas como o também ex-governador Carlos Gaguim e o empresário Benedito Farias; integrantes de outros partidos como os deputados estaduais Marcelo Lelis, presidente do PV, e Luana Ribeiro, representando o pai, o senador João Ribeiro – que preside a legenda no Tocantins; além de outros políticos como o suplemente de senador João Costa, agora do PR – advogado que defendeu Siqueira Campos (PSDB) na ação que resultou na cassação e Marcelo Miranda.

Do grupo dos autênticos, estiveram presentes nomes como Osvaldo Reis, Leomar Quintanilha, Josi Nunes, Eudoro Pedrosa, Moisés Avelino e Derval de Paiva.

Kátia Abreu agradeceu a acolhida. Ela se disse honrada com o que chamou de “convite dos amigos de Brasília” para que ingressasse no partido, porém, afirmou que esse convite “não teria valido de nada” sem o apoio do “PMDB autêntico do Tocantins”. Isso porque, segundo ela, a vida política “se faz na base” e a sua política é construída no Estado.

Por que o PMDB?
Segundo ela, a decisão de se filiar ao PMDB se deu depois de muitas discussões com os partidos de oposição, que “entenderam que seria um símbolo muito significativo” que ela e Marcelo Miranda estivessem juntos para, com os demais líderes, organizarem uma “ampla oposição” ao atual governo. Sobre 2014, a senadora chegou a dizer que sua preferência para governador é Marcelo, mas que nada impede, dependendo das condições, que outro – citando João Ribeiro e o presidente do PROS, Ataídes Oliveira – venham a ser o nome do grupo.

Crise com Coimbra
Kátia afirmou que não compreende a “agressão tão forte” e a rejeição por parte do deputado federal e presidente da legenda no Tocantins, Júnior Coimbra. Segundo a senadora, os dois nunca tiveram, antes, nenhum tipo de divergência. “Eu não quero ameaçá-lo. Eu não vou me candidatar à Executiva do partido. Apoiarei o grupo, claro que vou apoiar, mas eu estou completamente aberta para continuar tendo com ele o mesmo relacionamento que tivemos até outro dia”, afirmou. Sobre a crítica do parlamentar, que afirmou que ela é “desagregadora”, disse que “ninguém chega ao Senado Federal e a presidir a maior confederação do país, desagregando pessoas”.

Críticas a Eduardo
Em sua fala, a senadora não poupou críticas à atual gestão, especialmente ao secretário de Relações Institucionais, Eduardo Siqueira Campos (PSDB). Segundo ela, Siqueira foi eleito, mas quem governa o Estado é Eduardo. “Votei numa pessoa, mas quem governa é outra”, declarou, acrescentando: “Quem não foi eleito, mas que hoje governa, tem tido práticas inaceitáveis”.

Igeprev
Citando a situação do Instituto de Gestão Previdenciária do Tocantins (Igeprev), a senadora deu a entender que irregularidades foram cometidas e disse que o que tem sido anunciado é “apenas a ponta do iceberg”. Ela diz ter informações do Ministério da Previdência que dão conta de que o Estado já teria perdido mais de R$ 105 milhões “com as aplicações fraudulentas que ocorreram no Igeprev”. Em entrevista, a senadora chegou a dizer que, pelo histórico de Siqueira, não acredita que o governador autorizaria algum tipo de corrupção no Igeprev. “Essa é a minha opinião pessoal: Siqueira Campos jamais autorizaria ou concordaria com qualquer tipo de corrupção no Estado”, afirmou, acrescentado que não há nenhuma acusação à pessoa do governador. “Mas os culpados, nós vamos encontrar, pode ter certeza”, disse.

Boas vindas
O primeiro a dar boas vindas foi o deputado federal Osvaldo Reis – que do Tocantins foi o principal defensor da filiação da senadora. Em discurso, ele afirmou que o ingresso da senadora ao partido formaliza “o casamento da grande vitória em 2014”, apontando Marcelo, Kátia e João Ribeiro como os nomes para a majoritária. A fala de Reis floi repleta de críticas ao governo de Siqueira Campos e também ao presidente do PMDB.

Segundo ele, o partido não está “excluindo” Júnior Coimbra, mas se o deputado “quiser” permanecer, terá “que se enquadrar como emedebista”. O parlamentar chegou a dizer que o colega teria que “ir à praça e pedir perdão”.

Em entrevista ao CT, Gaguim disse que a senadora é “uma boa aquisição” para o PMDB. “Ela é uma senadora da República e é importante para o partido”, afirmou. Para ele, a disputa interna na sigla não terá impacto em 2014, quando avalia que o importante serão “as oposições unidas”.

Já a deputada estadual Josi Nunes declarou que a filiação da senadora é como “uma transfusão de sangue”, que vai dar força, oxigênio, motivação e energia para a militância. Para ela, o momento é de “olhar para o futuro”. “Questões do passado têm que servir de aprendizado. O foco são as eleições de 2014”, disse.

Marcelo Miranda
O ex-governador afirmou que o momento é de discutir um projeto novo para o Estado e que, de eleições, se falará no ano que vem. “O momento agora é de discutir o que fazer, como fazer”, comentou. Ainda segundo ele, agora, é necessário “somar”. Em seu discurso, Marcelo disse que recebeu ligação do vice-presidente da República, o presidente licenciado do PMDB, Michel Temer, pouco antes do anúncio,  e que tanto ele quanto a senadora ouviram de Temer que o vice-presidente está “feliz, satisfeito, pelo término dessa novela quase sem fim”.

Insatisfação
O deputado federal Júnior Coimbra, disse ao blog do Cleber Toledo na tarde desta quinta-feira, 3, que ficará no partido, vai disputar a reeleição e é pré-candidato a governador pelo PMDB. “Vou percorrer todos os municípios do Estado até dezembro, anunciando minha pré-candidatura ao governo do Estado”, revelou.

Coimbra disse que a senadora Kátia Abreu está ingressando no PMDB “de forma constrangedora”, sendo “hostilizada”. “Não sei como uma pessoa se submete a isso, tendo 32 partidos no País, prefere entrar em um em que as pessoas não a querem”, disse.

Coimbra classificou Kátia como “uma pessoa desagregadora” e avaliou que o PMDB vai perder “muitos prefeitos e lideranças que preferem não conviver com a senadora no partido”. Para o presidente regional, o primeiro sintoma disso é a saída dos deputados estaduais Iderval Silva e Vilmar do Detran, que devem ingressar no Solidariedade. Os dois pertencem ao grupo do atual presidente do PMDB do Tocantins.

(Cleber Toledo)