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Constrangimento e deselegância marcam reunião de Kátia com prefeitos depois que as prometidas 16 mil casas para o Bico “viraram” apenas 750

A sexta-feira 13 fez juz à tradição de ser o dia do azar. Pelo menos para a senadora Kátia Abreu (PSD). Ela foi desmentida duas vezes em apenas algumas horas. Não se sabe se ela passou embaixo de escada ou se cruzou com um gato preto, mas que o dia dela não foi bom, isso é verdade. Primeiro veio o desmentido do presidente nacional do PP, Ciro Nogueira, que negou ter feito qualquer convite para ela ingressar no partido – a senadora espalhou pelo Tocantins que havia o convite dos petistas.

Depois, no final do dia, durante reunião com os 25 prefeitos do Bico do Papagaio, na Caixa Econômica Federal, em Palmas, portaria do Ministério das Cidades contradisse a informação que a senadora tem trazido há meses para o Tocantins, de que teria conseguido 16 mil casas para aquela região. Na verdade, serão somente míseras 30 casas por cidade. Conforme fontes que participaram do encontro, a reunião foi um show de constrangimentos e deselegância.



Foto: Pedro Barbosa/Divulgação

Senadora Kátia Abreu discursa para os prefeitos: 16 mil casas viraram 750

A senadora discursou confirmando que o Bico receberia 16 mil casas e seria “transformado”. Os prefeitos estavam empolgados com a notícia, e, segundo alguns deles, em seus municípios têm até quem resolveu casar animado com a possibilidade de ganhar uma residência. Afinal, quem casa, quer casa.

Kátia insistiu na informação de que seriam 16 mil casas até esta sexta-feira. O release enviado pela manhã à imprensa do Estado não deixa dúvida sobre o número: “O encontro acontece na sede da Superintendência da Caixa Econômica Federal no Estado, a partir das 15 horas, e terá a participação de técnicos da instituição, que darão aos chefes de Executivo orientações sobre a nova sistemática do Fundo de Arrendamento Residencial que, a pedido da senadora Kátia Abreu, foi modificado pela presidente Dilma Roussef para atender toda a demanda de moradias na região do Bico do Papagaio, levantada pela própria Caixa Econômica Federal em 16 mil casas populares“, afirmou o texto da Assessoria de Imprensa da senadora. Ela concluiu:  “Vamos mudar a vida das famílias do Bico do Papagaio para melhor”.

Porém, depois do discurso de Kátia, veio o banho de água gelada. A representante da Caixa leu a portaria do Ministério das Cidades, e o número do documento não batia com o da senadora. Estava, na verdade, muito longe das 16 mil unidades habitacionais prometidas e anunciadas. Falava em apenas 30 unidades por município. Decepcionados, os prefeitos ficaram sem entender nada e começaram a questionar. Aí veio o show de constrangimentos e deselegância, conforme alguns testemunharam. Os prefeitos eram cortados pela senadora, que estava muito irritada, e alguns ouviram respostas pouco educadas.

Sem ter como mudar a portaria, a senadora resolveu a mudar o foco do debate – a famosa “saída pela direita” -, e pediu, ao microfone, que os prefeitos “não antecipassem o processo eleitoral”, como se todos estivessem a serviço de algum adversário político dela, quando, na verdade, só estavam tentando entender a contradição dos números. Simples assim: Kátia falava de 16 mil casas, mas a portaria dizia que seriam somente 750, isto é, 4,6% do total propagado pela senadora.

Indignados com o tratamento que estavam recebendo por parte de Kátia, os prefeitos começaram a trocar “torpedos” pelo celular para que se retirassem da reunião. Alguns levantaram e foram embora, lamentando todo o constrangimento.

Resposta ao PP?
Ainda na constrangedora e deselegante reunião, houve o que, a princípio, pareceu aos presentes uma resposta da senadora ao desmentido do PP nacional sobre o fantasioso convite de filiação. Em discurso feito cerca de uma hora depois de ir a público pelo CT a informação de que o presidente nacional pepista, Ciro Nogueira, negara qualquer convite para Kátia se filiar ao partido, a parlamentar, “coincidentemente”, criticou o Ministério das Cidades, pasta ocupada pelo PP, através do deputado federal paraibano Aguinaldo Ribeiro.

Kátia criticou o valor de R$ 35 mil destinado pelo Ministério das Cidades para a compra de terreno e construção das casas do Fundo de Arrendamento Residencial (FAR). A senadora informou os prefeitos que na próxima semana vai procurar o Ministério do Planejamento para solicitar a elevação do valor. “Não dá para comprar o terreno” , avaliou ela sobre o valor determinado na Portaria 363, do Ministério das Cidades, publicada no Diário Oficial da União no dia 12 de agosto.