Creches com obras paralisadas há mais de 10 anos são vistoriadas pelo MP

As crianças que seriam assistidas pela instituição frequentam o Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Vovó Amélia, que funciona em um prédio alugado que não tem cobertura no pátio e com salas de aula pequenas para o número de alunos.

Já em Filadélfia, a obra de uma escola infantil, orçada em R$1,4 milhão, foi suspensa antes de chegar a metade do total previsto. Enquanto isso, as crianças frequentam o Grupo Escolar Dona Maura Leal Valadares, que conta com educação infantil e ensino fundamental. O local também não tem pátio coberto, nem refeitório e biblioteca, o que torna o espaço inadequado para receber os alunos.

Em nota, a Prefeitura de Filadélfia informou que recebeu as obras abandonadas de gestões anteriores e que deve investir mais de R$1,5 milhão para a conclusão da obra. (A nota está ao final desta reportagem).

As creches de Ponte Alta do Bom Jesus e de Filadélfia estão sob responsabilidade do Ministério Público Federal, por envolver recursos federais. Nesses casos, cabe ao MPF apurar a ocorrência de improbidade.

Sobre a obra de Centenário, a Promotoria de Justiça de Itacajá instaurou procedimento para acompanhar a situação das escolas da rede pública para pegar informações e adotar as providências necessárias. A Justiça questiona o município sobre as medidas a serem adotadas para retomar as obras.

De acordo com o Ministério Público, a omissão das prefeituras fere a Constituição Federal, que define a educação como direito fundamental e determina prioridade absoluta para as políticas públicas da área da infância e juventude. O coordenador do Centro de Apoio Operacional da Infância, Juventude e Educação, Sidney Fiori Junior, avalia que é obrigação dos municípios disponibilizar espaços adequados para a aprendizagem das crianças. “É na etapa da primeira infância que são desenvolvidas habilidades fundamentais, especialmente em termos cognitivos e m”tores”, destaca.

As vistorias são feitas em todas as regiões do estado, de maneira contínua. As situações de descaso observadas pelo órgão podem acarretar na responsabilização dos gestores municipais.

Em nota, a Prefeitura de Filadélfia informou que recebeu as obras abandonadas de gestões anteriores. Afirmou, ainda, que a obra do novo prédio do Grupo Escolar Dona Maura foi retomada. A prefeitura disse que vai investir mais de R$1,5 milhão para concluir a obra.

A atual prefeitura alega que as obras mencionadas foram iniciadas em gestão anterior e que deveriam ser entregues há mais de sete anos, o que não aconteceu por causa de possíveis desvios de recursos financeiros pelo então prefeito. O município afirma que esbarrou em burocracias para a resolução do problema.

Por fim, o executivo municipal disse que recebe os membros do Tribunal de Contas Estadual para fazer inspeções nas escolas. A prefeitura de Filadélfia disse que se compromete, junto ao TCE, a implementar ações quanto a políticas públicas da primeira infância.